Sobre a MOURA TORTA
A Moura Torta é um conto popular que tem sua origem na Europa, principalmente na Península Ibérica e que se espalhou através da oralidade pelo mundo. Também encontramos a história com o título “As Três Cidras do Amor”.
Alguns pesquisadores consideram a narrativa peculiar, pois claramente ela se divide em duas histórias: a primeira, a história do príncipe que encontra o objeto do seu amor escondido dentro de uma fruta; e a outra, a história da Moura Torta propriamente dita. São encontradas em diversas regiões da Europa narrativas com apenas a primeira parte da história. Tais como: “Três Pomos Mágicos”, “A moça-pomba” e a “Moça Escondida na Maçã”.
A Moura torta, nome mais popular da história, faz alusão à invasão da Europa pelos mouros. Foi uma forma encontrada para denegrir a imagem do invasor. Referências às velhas feiticeiras, cegas de um olho, misteriosas, sinistras e chamadas de “mouras” eram constantes e aparecem com força nessa narrativa popular.
O conto “A Moura Torta” chegou ao Brasil com os navegantes e se difundiu por todo país. Em todas as regiões encontramos versões da Moura Torta com pequenas variações principalmente no princípio e nos castigos dados para a vilã.
PERSONAGENS:
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BOBO VERMELHO
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BOBO AMARELO
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BOBO AZUL
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BOBO VERDE
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PRÍNCIPE
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REI
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VELHA
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MOÇA (são três personagens que devem ser representadas pela mesma atriz)
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COZINHEIRA
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MOURA TORTA
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MÚSICOS
CENA: As cortinas vão se abrindo ao som da música que deve começar apenas com um instrumento (uma sanfona, por exemplo). Depois outros instrumentos entram na música. Vemos no palco uma escada (essa escada será transformada em várias coisas). No início a escada está decorada para ser o trono do Rei. Em cima da escada quatro bobos da corte: Azul, Vermelho, Amarelo e Verde. Eles gritam pelo Príncipe.
BOBOS: (CHAMANDO) Príncipe! Príncipe! Oh, Príncipe!
BOBO AZUL: Mas esse Príncipe é um danado!
BOBO AMARELO: Vive aprontando por aí!
BOBO VERDE: O Rei fica de cabelo em pé!
BOBO VERMELHO: Com medo que aconteça alguma coisa com ele! Mas que bonito ele é!
BOBO AZUL: Quem? O Rei?
BOBO VERMELHO: Não, o Príncipe!
BOBO AMARELO: Bonito que dá gosto de olhar!
BOBO VERDE: Mas apronta muito.
BOBO AZUL: E o Rei quer que a gente encontre ele!
BOBOS: (JUNTOS) Onde estará o Príncipe?
(OS BOBOS PULAM DA ESCADA E COMEÇAM A CANTAR E DANÇAR. A ESCADA TAMBÉM DEVE SER MOVIMENTADA NA CENA – DURANTE A MÚSICA O PRÍNCIPE VAI PASSAR PELO PALCO: CORRENDO, PULANDO, DANDO CAMBALHOTAS E ETC...)
MÚSICA: CADÊ O PRÍNCIPE
BOBOS: Príncipe! Oh, Príncipe!
Onde é que você está?
Está por ali! Está por lá!
Está por ali! Está por lá!
Príncipe! Oh, Príncipe!
Preciso te encontrar!
Vou por ali! Vou por lá!
Vou por ali! Vou por lá!
BOBO AMARELO: Vou para as montanhas
Que o Príncipe já escalou.
Conhecer grandes alturas
E os perigos que encontrou.
Encontrou grandes geleiras
E a boca de um vulcão.
Subiu em altos picos
E não teve medo, não!
BOBO VERDE: Vou para as profundezas
Das mais escuras cavernas.
Cheias de bichos estranhos
Que sobem pelas pernas.
O Príncipe por lá andou
E trouxe muita lembrança.
Trouxe morcego e lacraia.
Fez aquela lambança!
BOBOS: Príncipe! Oh, Príncipe!
Onde é que você está?
Está por ali! Está por lá!
Está por ali! Está por lá!
Príncipe! Oh, Príncipe!
Preciso te encontrar!
Vou por ali! Vou por lá!
Vou por ali! Vou por lá!
BOBO AZUL: Vou pro fundo do mar
Ou para o leito dos rios.
Vou de barco ou canoa
Ou nos maiores navios.
O Príncipe já fez tudo isso.
Fez isso e muito mais.
Venceu monstros marinhos
E os piratas de Cascais!
BOBO VERMELHO: Vou para o céu profundo
Voando como passarinho.
O Príncipe por lá voou.
Fez das nuvens um caminho
Deu um beijo na lua.
Com as estrelas conversou.
Pegou um raio de sol
E no arco-íris andou!
BOBOS: Príncipe! Oh, Príncipe!
Onde é que você está?
Está por ali! Está por lá!
Está por ali! Está por lá!
Príncipe! Oh, Príncipe!
Preciso te encontrar!
Vou por ali! Vou por lá!
Vou por ali! Vou por lá!
Príncipe! Oh, Príncipe
Onde é que você está?!
(OS QUATRO PARAM NA FRENTE DO PALCO E O PRÍNCIPE APARECE NO MEIO DELES – GRANDE SUSTO)
PRÍNCIPE: Estão me procurando!
BOBOS: (JUNTOS) Aiii, que susto!
BOBO VERMELHO: Majestade isso é coisa que se faça?
BOBO AZUL: Dar um susto em quatro pobres bobos da corte?
BOBO VERDE: Isso é muito feio!
PRÍNCIPE: Mas vocês não estavam me procurando? O quê vocês querem?
BOBO AMARELO: Não somos nós que estamos lhe procurando! É seu pai! O Rei!
BOBO VERMELHO: O Rei anda muito preocupado com você.
BOBO AZUL: Preocupadíssimo!
BOBO VERDE: E mandou que nós o procurássemos!
PRÌNCIPE: Mas o quê meu pai quer comigo, meu Deus?
(DÁ COXIA O REI COMEÇA A CHAMAR OS BOBOS)
REI: (EM OFF - CHAMANDO) Bobos! Bobos da corte! Bobos!
BOBO VERMELHO: É o Rei!
PRÍNCIPE: E agora? O quê que eu faço?
BOBO AZUL: Converse com seu pai.
PRÍNCIPE: Ele parece muito irritado! É melhor não fazer isso! É melhor eu me esconder! Escondam-me!
(O PRÍNCIPE SE ABAIXA NO MEIO DO PALCO. OS BOBOS FAZEM UMA PAREDINHA PARA ELE. ENTRA O REI)
REI: (ENTRANDO - P/ OS BOBOS) Então vocês estão aí! Parados sem fazer nada! Eu não disse para vocês encontrarem meu filho, o Príncipe? Onde está ele? Encontraram ele?
BOBO AZUL: Sim, Majestade!
BOBO VERMELHO: Não, Majestade!
REI: (IRRITADO) Sim ou não?
BOBOS: (JUNTOS COM MEDO) Encontramos, Majestade! Mas parece que ele não quer falar com o senhor!
(OS BOBOS “ABREM” A PAREDINHA COMO UMA CORTINA. DOIS PARA CADA LADO. O PRÍNCIPE APARECE NO MEIO)
PRÍNCIPE: Oi, meu pai!
REI: Então você esta aí! Escondido atrás de bobos! (OS BOBOS FICAM SEM GRAÇA)
PRÍNCIPE: Não, meu pai, nós estávamos...
REI: Silêncio! Preciso ter uma conversa muito séria com você!
BOBO VERMELHO: Conversa...
BOBO VERDE: Séria...
BOBO AZUL: Sobre...
BOBO AMARELO: O quê?
REI: Silêncio! A conversa é com o Príncipe!
(OS BOBOS SOBEM NA ESCADA E OBSERVAM A CONVERSA. O REI SENTA NO TRONO)
PRÌNCIPE: Diga, meu pai, estou ouvindo.
REI: Você é um Príncipe! Será Rei um dia! E não pode ficar fazendo tantas maluquices!
PRÍNCIPE: Eu gosto de minhas aventuras meu pai.
REI: Mas assim não é possível! Você vive muitos perigos meu filho! Eu já estou velho e logo você será o Rei. E precisa se concentrar nos problemas do reino!
PRÍNCIPE: Mas nosso reino não tem nenhum problema, meu pai!
REI: Mas eu também fico preocupado! Não agüento mais essa situação e quero que você tome juízo!
PRÍNCIPE: Está bem, meu pai! Vou tomar juízo. Não vou mais fazer nada que o preocupe, mas antes quero fazer uma longa viagem! Quero dar a volta ao mundo!
REI: Dar a volta ao mundo? Bom... isso... isso pode se arranjar... Mandarei preparar uma escolta de mil soldados e os mais fortes cavalos para levá-lo nessa volta ao mundo!
PRÍNCIPE: Não, meu pai, você não entendeu! Quero dar a volta ao mundo, mas quero fazer isso sozinho e a pé.
REI: (O REI LEVANTA FURIOSO E ANDA DE UM LADO PARA OUTRO) O quê?! Você está maluco! Você é um Príncipe! Como vai dar a volta ao mundo a pé? Uma viagem dessas é muito perigosa. Você ficaria muito exposto. Poderiam aparecer assaltantes, bandidos. É uma loucura! E como você pretende fazer isso sozinho?
PRÍNCIPE: Vou seguir a ponta do meu nariz!
REI: Você só pode estar brincando! Diga para o seu velho pai que isso é uma brincadeira!
PRÍNCIPE: Já tomei minha decisão! Vou tomar juízo! Vou cuidar dos assuntos do reino! Tudo como o senhor quer! Prometo! Mas só depois de dar a volta ao mundo! Minha volta ao mundo seguindo a ponta do meu nariz! A pé e sozinho!
REI: Mas isso é uma maluquice, meu filho!
PRÍNCIPE: É isso ou nada!
REI: Ah, está bem! Vá dar sua volta ao mundo! Siga o seu nariz! Mas depois não diga que eu não lhe avisei!
(O REI SAI FURIOSO)
PRÍNCIPE: Adeus, meu pai! Até a vista! Eu vou dar a volta ao mundo!
(OS MÚSICOS SE POSICIONAM NA CENA. ELES VÃO MUDANDO DE LUGAR À MEDIDA QUE A “VIAGEM” PROSSEGUE. COMEÇA A MÚSICA. OS BOBOS DESCEM DA ESCADA E ARRUMAM O PRIMEIRO CENÁRIO. A ESCADA VIRA UMA ÁRVORE E PEGAM UM GRANDE PANO REDONDO AZUL QUE SERÁ UM LAGO. ESSES MOVIMENTOS DEVEM SER FEITOS DURANTE A MÚSICA)
MÚSICA: A VOLTA AO MUNDO
PRÍNCIPE: Pois então é o momento!
É chegada a hora!
Vou fazer minha viagem.
Vou me’mbora agora.
Seguindo o meu nariz
Pra frente eu irei.
Vou onde ele manda
Eu sempre o seguirei.
Vou dar a volta ao mundo.
Vou a pé e sozinho.
Conhecer outros lugares
Vou seguir meu caminho
(OS BOBOS JÁ MONTARAM O PRIMEIRO CENÁRIO. O PRÍNCIPE REPARA)
PRÍNCIPE: Nossa! Nunca tinha reparado
Aqui perto do castelo
Que lugar mais bonito!
Que recanto mais belo.
Esse lago de águas limpas
Essa árvore frondosa
Será o ponto de partida
De uma viagem gloriosa.
Daqui parto com certeza
Pra meu desejo realizar.
Vou seguir o meu nariz
Vou onde ele mandar
E parto agora mesmo
Pra onde “ele” apontar.
E a viagem só termina
Quando voltar a esse lugar.
(QUANDO O BOBO VERDE CANTA, OS OUTROS BOBOS MUDAM O CENÁRIO. PEGAM PANOS VERDES E COMEÇAM UMA COREOGRAFIA. O PRÍNCIPE DEVE ANDAR COMO SE ESTIVESSE NUMA FLORESTA. A ESCADA MUDA DE LUGAR, MAS CONTINUA SENDO ÁRVORE).
BOBO VERDE: O Príncipe estava decidido
De seu sonho realizar.
Começou sua viagem.
Começou a caminhar.
E foi atrás do nariz
Que pra frente apontava.
E chegou numa floresta
Onde o verde abundava!
PRÍNCIPE: Que lugar mais bonito.
Verde que não se acaba.
Tem tudo quanto é fruta:
Cajá, pequi e mangaba.
O ar parece mais limpo,
Um perfume delicioso.
Que me enche de alegria.
Deixa tudo mais gostoso.
(QUANDO O BOBO AZUL CANTA, OS OUTROS BOBOS MUDAM O CENÁRIO. PEGAM PANOS AZUIS E COMEÇAM UMA COREOGRAFIA A ESCADA VIRA UM BARCO. O PRÍNCIPE DEVE SE MOVIMENTAR COMO SE ESTIVESSE DENTRO DESSE BARCO)
BOBO AZUL: O Príncipe continuou sua jornada
Seguindo o seu nariz.
Indo atrás do seu sonho.
Um sonho muito feliz.
Mas pra seguir sua viagem,
Pra conhecer outros mundos,
Atravessou rios enormes
E lagos profundos.
PRÍNCIPE: Nossa que rio enorme!
Mais parece um mar!
Vou atravessar esse rio.
Vou por ele navegar!
Mas é um azul tão imenso.
Uma infinita beleza.
Que deixa o olho da gente
Feliz com tanta grandeza!
(QUANDO O BOBO VERDE E O AZUL CANTAM, OS OUTROS BOBOS MUDAM O CENÁRIO. DEVEM COLOCAR A ESCADA DEITADA NO FUNDO DO PALCO. ELA AGORA SERÁ UMA CERCA. ENTRA UMA VELHA CARREGANDO COM MUITA DIFICULDADE UM ENORME FARDO).
BOBO VERDE E BOBO AZUL: (JUNTOS) O Príncipe andou por aldeias,
Povoados e cidades.
E numa aldeia ele viu,
Na maior das dificuldades,
Uma pobre senhora
Que sozinha levava
Um fardo muito grande
E que muito lhe pesava!
PRÍNCIPE: Minha pobre senhora
Deixe eu lhe ajudar.
Um peso desses nas costas
Não é pra senhora levar.
Me diga, por favor,
Onde devo entregar
Esse fardo tão grande
Onde devo deixar?
VELHA: Obrigado meu filho
Pela sua atenção.
Mostra assim gentileza
E grande educação!
Esse peso enorme
Deve ali deixar.
Atrás da cerca
É lá o seu lugar.
(O PRÍNCIPE PEGA O FARDO COM FACILIDADE E O COLOCA NO LUGAR)
PRÍNCIPE: O fardo está no lugar,
Minha boa senhora,
Acabou seu sacrifício
Bem depressa e sem demora!
Vou seguir minha viagem,
Pela estrada caminhar,
Mas parto bem contente
Por poder lhe ajudar!
VELHA: Meu filho, muito obrigado
Por sua consideração,
Mas seu feito não pode
Ficar sem premiação.
Dou a você três laranjas
Laranjas poderosas
Que darão muita alegria
E surpresas deliciosas
(A VELHA TIRA DA BOLSA AS TRÊS LARANJAS E ENTREGA AO PRÍNCIPE. O PRÍNCIPE VAI SAINDO).
VELHA: Ah, me lembrei agora
O que não podia esquecer.
O que vou lhe dizer
Você tem que saber.
Só abra as laranjas
Onde tiver água.
Senão a alegria
Pode virar mágoa!
PRÍNCIPE: Obrigado boa senhora
Por presente tão bonito!
Não esquecerei suas palavras
Nem quando estiver aflito!
Obrigado mais uma vez,
Mas vou seguir meu nariz.
Que a senhora tenha saúde
E seja sempre feliz!
(A VELHA VAI SAINDO DANDO ADEUS. QUANDO O BOBO VERMELHO CANTA, OS OUTROS BOBOS MUDAM O CENÁRIO. PEGAM PANOS VERMELHOS E COMEÇAM UMA COREOGRAFIA. A ESCADA AGORA VIRA UMA MONTANHA. O PRÍNCIPE SE MOVIMENTA COMO SE ESTIVESSE ESCALANDO).
BOBO VERMELHO: O Príncipe foi embora,
Foi seguindo seu caminho,
Dando a volta ao mundo
Ia a pé e sozinho.
Encontrou muitas montanhas
E a boca de um vulcão.
Muito fogo ardendo
Vermelho como a paixão.
PRÍNCIPE: Nossa que fogaréu!
Que vermelho intenso!
Não tem água pra beber
E o calor imenso!
Com tanta sede estou
Que chego a sufocar!
Mas não tem uma gota d’água
Pra minha sede aplacar!
Mas como sou bobo!
Como esqueci de repente!
As três laranjas mágicas
Que a velha deu de presente!
(OS BOBOS FICAM AFLITOS FAZENDO GESTOS NEGATIVOS. O BOBO VERMELHO PEGA UMA VARA COM UMA ENGRANAGEM).
BOBOS: (JUNTOS) Príncipe não esqueça agora
Que há uma recomendação!
Não abra as laranjas
Se não tiver água, não!
Príncipe não esqueça agora
Alegria vira mágoa!
Não abra as laranjas
Se não tiver água!
(O PRÍNCIPE DEVE ESTAR PRÓXIMO A COXIA. ELE NÃO DÁ OUVIDOS AOS BOBOS, ABRE UMA LARANJA E A ENTREGA AO BOBO VERMELHO. O BOBO VERMELHO SUSPENDE A VARA PERTO DA COXIA. A ENGRENAGEM DA VARA DEIXA DESENROLAR UM PANO. NESSE PANO ESTÁ ESCRITO “PUF”. A MÚSICA DEVE ACOMPANHAR ESSE MOVIMENTO. POR TRÁS DO PANO ENTRA A MOÇA DE CABELOS PRETOS. O BOBO VERMELHO TIRA O PANO E A MOÇA SURGE).
PRÍNCIPE: Nossa que moça tão linda!
Linda como os amores!
Uma festa para os olhos!
Sinto estranhos calores!
Eu estou apaixonado
E quero ouvir agora:
O que desejas, minha dona?
O que queres, minha senhora?
MOÇA: (AFLITA) Água! Quero água!
Quero água pra beber!
Água! Quero água!
Quero água pra beber!
PRÍNCIPE: Mas que tolo sou!
Como pude esquecer?
Minha linda senhora,
Não tem água pra beber.
Mas que tolo sou!
Minha linda senhora,
Não tem gota d’água
Pra beber agora!
(O BOBO VERMELHO COLOCA O PANO NA FRENTE DA MOÇA. ELA SAI SEM SER VISTA PELO PÚBLICO. O BOBO VERMELHO ABAIXA O PANO. A MÚSICA DEVE ACOMPANHAR ESSE MOVIMENTO).
PRÍNCIPE: Mas o que fui fazer?
Que esquecimento terrível!
Esqueci as palavras da velha!
Isso não pode ser possível.
Só me resta continuar.
Seguir o meu caminho.
Vou estrada a fora
Vou a pé e sozinho!
(QUANDO O BOBO AMARELO CANTA, OS OUTROS BOBOS MUDAM O CENÁRIO. PEGAM PANOS AMARELOS E COMEÇAM UMA COREOGRAFIA. A ESCADA AGORA SERÁ UMA GRANDE DUNA. O PRÍNCIPE SE MOVIMENTA COMO SE ESTIVESSE NO DESERTO).
BOBO AMARELO: O Príncipe foi cabisbaixo
Seguindo pela estrada.
Ia ficar sozinho
Na sua longa jornada!
Mas logo esqueceu tudo
Pois viu na sua frente
Um grande deserto
Muito belo e quente!
PRÍNCIPE: Mas que lugar magnífico
Com dunas sem fim
E é tudo deserto
Sem mato ou capim!
Mas faz muito calor!
Um calor horroroso!
Não tem uma gota d’água
Nesse lugar grandioso!
Mas como sou bobo!
Como esqueci de repente!
As três laranjas mágicas
Que a velha deu de presente!
(OS BOBOS FICAM AFLITOS FAZENDO GESTOS NEGATIVOS. O BOBO VERMELHO PEGA UMA VARA COM UMA ENGRANAGEM).
BOBOS: (JUNTOS) Príncipe não esqueça de novo
Que há uma recomendação!
Não abra suas laranjas
Se não tiver água, não!
Príncipe não esqueça de novo:
Alegria vira mágoa!
Não abra suas laranjas
Se não tiver água!
(O PRÍNCIPE DEVE ESTAR PRÓXIMO A COXIA. ELE NÃO DÁ OUVIDOS AOS BOBOS, ABRE A SEGUNDA LARANJA E A ENTREGA AO BOBO VERMELHO. O BOBO VERMELHO SUSPENDE A VARA PERTO DA COXIA. A ENGRENAGEM DA VARA DEIXA DESENROLAR UM PANO. NESSE PANO ESTÁ ESCRITO “PUF”. A MÚSICA DEVE ACOMPANHAR ESSE MOVIMENTO. POR TRÁS DO PANO ENTRA A MOÇA DE CABELOS VERMELHOS. O BOBO VERMELHO TIRA O PANO E A MOÇA SURGE).
PRÍNCIPE: Nossa que moça tão linda!
Linda como os pecados!
Uma festa para os olhos!
Meus sonhos realizados!
Eu estou apaixonado
E quero ouvir agora:
O que desejas, minha dona?
O que queres, minha senhora?
MOÇA: (AFLITA) Água! Quero água!
Quero água pra beber!
Água! Quero água!
Quero água pra beber!
PRÍNCIPE: Mas que tolo sou
Fui de novo esquecer!
Minha linda senhora
Não tem água pra beber.
Mas que tolo sou,
Minha linda senhora,
Não tem gota d’água
Pra beber agora!
(O BOBO VERMELHO COLOCA O PANO NA FRENTE DA MOÇA. ELA SAI SEM SER VISTA PELO PÚBLICO. O BOBO VERMELHO ABAIXA O PANO. A MÚSICA DEVE ACOMPANHAR ESSE MOVIMENTO).
PRÍNCIPE: Que bobagem fiz de novo!
Como pude não lembrar?
As palavras da senhora
Eu tinha que guardar.
Só restou uma laranja,
Mas vou seguir o meu caminho.
Vou estrada a fora
Vou a pé e sozinho!
(ENQUANTO CANTAM OS BOBOS ARRUMAM NOVAMENTE O PRIMEIRO CENÁRIO. A ESCADA VIRA UMA ÁRVORE E PEGAM UM GRANDE PANO REDONDO AZUL QUE SERÁ UM LAGO. ESSES MOVIMENTOS DEVEM SER FEITOS DURANTE A MÚSICA)
BOBOS: (JUNTOS) O Príncipe seguiu sua viagem
E chegou num lugar singelo.
Uma paisagem tão bonita!
Um recanto muito belo.
Um lago de águas limpas,
Uma árvore frondosa
Que lhe trouxe a cabeça
Uma lembrança gloriosa.
PRÍNCIPE: Esse lugar eu conheço
Por aqui eu já passei!
É o meu ponto de partida
Foi onde eu comecei!
Dei a volta ao mundo
Seguindo o meu nariz.
Fui onde ele apontava.
Fui onde ele bem quis..
Voltando ao começo
Meu desejo realizei
Dei a volta ao mundo
Meu sonho conquistei!
(A MÚSICA PÁRA. OS BOBOS EXAUSTOS CAEM NO CHÃO. O PRÍNCIPE DÁ PULOS DE FELICIDADE E DEPOIS REPARA NO LUGAR)
PRÍNCIPE: Esse lugar realmente é maravilhoso com essa árvore frondosa e esse lago de águas tão claras! Um lago de águas tão cristalinas que mais parece um espelho! Lago! Um lago?! Tem um lago aqui! Eu posso abrir minha terceira laranja sem problemas! Mas onde ela está?
(O PRÍNCIPE PROCURA A LARANJA NA BOLSA. O BOBO VERMELHO PEGA A VARA COM A ENGRANAGEM E SE POSICIONA PERTO DA COXIA. O PRÍNCIPE VAI ATÉ ELE)
PRÍNCIPE: (ACHANDO E SE DIRIGINDO AO BOBO VERMELHO) Aqui está! Vamos ver se dá certo dessa vez!
(O PRÍNCÍPE ABRE A LARANJA E A ENTREGA AO BOBO VERMELHO. O BOBO VERMELHO SUSPENDE A VARA PERTO DA COXIA. A ENGRENAGEM DA VARA DEIXA DESENROLAR UM PANO. NESSE PANO ESTÁ ESCRITO “PUF”. A MÚSICA DEVE ACOMPANHAR ESSE MOVIMENTO. POR TRÁS DO PANO ENTRA A MOÇA DE CABELOS AMARELOS. O BOBO VERMELHO TIRA O PANO E A MOÇA SURGE).
PRÍNCIPE: (A PARTE) Nossa que moça tão linda! Linda como os amores e os pecados juntos! Sinto de novo aqueles estranhos calores! Eu estou apaixonado! (P/ A MOÇA) O que deseja, minha dona? O que quer, minha senhora?
MOÇA: (AFLITA) Água! Quero água! Quero água! Água! Quero água!
(O PRÍNCIPE VAI ATÉ O LAGO. FAZ AS MÃOS EM CONCHA E APANHA ÁGUA. LEVA PARA A MOÇA QUE BEBE. O BOBO VERMELHO FAZ UM GESTO DE QUÊ NÃO SABE O QUÊ FAZER COM O PANO E SAI DE CENA. OS OUTROS BOBOS VÃO ATRÁS DELE).
PRÍNCIPE: (P/ A MOÇA) Melhor agora?
MOÇA: Sim!
PRÍNCIPE: Quem é você?
MOÇA: Sou uma princesa. Eu e minhas irmãs fomos encantadas por uma bruxa e presas dentro de laranjas. Uma boa fada tomava conta das laranjas que só poderiam ser abertas pelo mais valente e educado dos príncipes!
PRÍNCIPE: Ah! A velha que eu encontrei na aldeia!
(O PRINCIPE E A MOÇA FICAM SE OLHANDO E RIEM SEM GRAÇA)
PRÍNCIPE: (A PARTE) Ela é tão bonita! Queria namorar com ela! Será que ela aceita? (P/ A MOÇA) Você é tão bonita!
MOÇA: (SEM GRAÇA) Você também é bonito!
PRÍNCIPE: (A PARTE) Eu vou pedir! (RESPIRA FUNDO) Você quer namorar comigo?
MOÇA: (SEM GRAÇA) Quero! Quero sim!
PRÍNCIPE: (ANIMADO A PARTE) Ela aceitou! Mas eu queria mesmo é noivar com ela! (RESPIRA FUNDO – P/ A MOÇA) Você quer noivar comigo?
MOÇA: (SEM GRAÇA) Quero! Quero sim!
PRÍNCIPE: (ANIMADO A PARTE) Ela aceitou! Mas eu queria mesmo é casar com ela! (RESPIRA FUNDO – P/ A MOÇA) Você quer casar comigo?
MOÇA: (SEM GRAÇA) Quero! Quero sim!
(O PRÍNCIPE BEIJA A MÃO DA MOÇA. DEPOIS A PUXA SUAVEMENTE E DÁ UM BEIJO NOS LÁBIOS. ELES SE SEPARAM E DE MÃOS DADAS SUSPIRAM JUNTOS).
MOÇA: (QUEBRA – COMO SE DESPERTASSE) Mas antes eu preciso saber quem é você?
PRÍNCIPE: Eu sou um Príncipe. Este lugar é o meu reino. (APONTA) Está vendo aquelas torres lá longe. Ali é o meu palácio. Vamos para lá! Quero apresentá-la a meu pai, o Rei!
MOÇA: Ah, mas eu não posso aparecer na frente de seu pai vestida desse jeito. O que seu pai vai pensar de mim?
PRÍNCIPE: Vai saber que eu a amo muito!
MOÇA: Ah não, Príncipe! Por favor, eu vou ficar muito sem graça!
PRÍNCIPE: (PENSANDO) Hum... O que podemos fazer? Já sei! Eu vou lá avisar meu pai da minha felicidade. E você espera em cima dessa árvore que eu já volto.
MOÇA: Mas em cima da árvore?
PRÍNCIPE: Em cima da árvore você estará protegida! Não fale com ninguém! Você vai ficar lá em cima me esperando! Não desça de jeito nenhum! E vou, falo com meu pai, e volto com o vestido mais lindo do mundo para minha princesa usar.
MOÇA: Então está bem!
(O PRÍNCIPE AJUDA A MOÇA A SUBIR NA ÁRVORE – A MÚSICA COMEÇA A TOCAR. DEVE SER UMA MÚSICA BEM SUAVE E ROMÂNTICA)
PRÍNCIPE: Adeus, meu amor! Eu vou voltar!
MOÇA: Adeus, meu amor! Eu fico aqui a esperar!
MÚSICA: ADEUS AMOR!
PRÍNCIPE: Adeus amor
Eu já vou indo.
Meu coração
Está se partindo!
Mas volto logo
Venho buscar
Aquela a quem
Vou sempre amar!
MOÇA: Adeus amor,
Meu doce amado!
Meu coração
Fica quebrado.
Mas volte logo
Volte ligeiro.
Venha ser
Meu companheiro!
JUNTOS: Adeus, amor!
Essa partida
Traz muita dor
A mais sofrida.
Mas vou ficar,
Pra consolar,
Com a lembrança
Do seu olhar!
(O PRÍNCIPE E A MOÇA DÃO ADEUS. O PRÍNCIPE SAI – MUDANÇA DE LUZ. OS BOBOS ENTRAM EM CENA. DURANTE AS FALAS VÃO MUDANDO O CENÁRIO QUE AGORA SERÁ UMA COZINHA. NA MUDANÇA DE CENÁRIO A MOÇA SAI DE CENA).
BOBO AZUL: O Príncipe e a moça estavam apaixonados!
BOBO AMARELO: Um amor lindo! Um amor como esse nunca se viu igual!
BOBO VERMELHO: Mas o Príncipe não sabia o que o destino ia trazer para ele.
BOBO VERDE: Durante sua volta ao mundo, foi trabalhar no castelo uma mulher muito esquisita. Muito estranha!
BOBO AZUL: Ela era feia, tinha a pele enrugada.
BOBO AMARELO: Os cabelos emaranhados pareciam gravetos secos.
BOBO VERMELHO: Era corcunda, tinha um olho furado e a boca torta.
BOBO VERDE: Aliás, ela era toda torta.
BOBO AZUL: Por isso a chamavam de...
BOBOS: (JUNTOS) A Moura Torta.
BOBO VERMELHO: Era uma mulher mau-humorada.
BOBO VERDE: Vivia reclamando!
BOBO AZUL: Praguejando!
BOBO AMARELO: Mal dizendo de tudo e de todos. Nunca estava satisfeita.
BOBO VERMELHO: Depois de trabalhar em vários lugares do palácio, foi parar na cozinha.
(NESTE MOMENTO O CENÁRIO DA COZINHA JÁ DEVE ESTAR PRONTO. ENTRAM OS MÚSICOS COMO COZINHEIROS. OS BOBOS TROCAM SEUS CHAPÉUS POR CHAPÉUS DE COZINHEIROS).
BOBO VERDE: E reclamava de ser empregada.
BOBO AZUL: Praguejava contra o Rei!
BOBO AMARELO: Maldizia das outras empregadas.
BOBO VERMELHO: Fazia fofocas, intrigas, enfim, ninguém gostava dela!
(A MÚSICA COMEÇA. UMA MÚSICA BEM ANIMADA. OS BOBOS PEGAM APETRECHOS DE COZINHA E SE MOVIMENTAM COMO SE ESTIVESSEM TRABALHANDO NA COZINHA. DURANTE A MÚSICA A MOURA APARECE.. TODOS SE MOVIMENTAM COMO QUERENDO FUGIR DELA).
MÚSICA: A MOURA TORTA
COZINHEIRA: Quem é que só sabe implicar?
E que vive praguejando?
Quem é que só sabe enrolar?
E que vive fofocando?
TODOS: Sai pra lá! Que lá vem ela!
Sai pra lá! Deixa passar!
Sai pra lá! Que é uma praga!
Sai pra lá! Que é de amargar!
(A MOURA TORTA ENTRA REPARANDO E MALDIZENDO DE TODOS)
MOURA TORTA: Aí! Que eu não gosto disso!
Isso vai estragar!
Aí! Que gente esquisita!
Aqui não quero ficar!
COZINHEIRA: Quem é que só sabe xingar?
E que vive esculhambando?
Quem é que só sabe zombar?
E que vive reclamando?
TODOS: Sai pra lá! Que lá vem ela!
Sai pra lá! Deixa passar!
Sai pra lá! Que é uma praga!
Sai pra lá! Que é de amargar!
MOURA TORTA: Ai! Que não gosto dele!
Com essa cara de meleca!
Aí! Que eu não gosto daqui!
Que essa gente leve a breca!
COZINHEIRA: Eu não aguento mais
Essa péssima figura!
Quem é que vai querer
Viver com tal criatura?
TODOS: Sai pra lá! Que lá vem ela!
Sai pra lá! Deixa passar!
Sai pra lá! Que é uma praga!
Sai pra lá! Que é de amargar!
(A MÚSICA PÁRA)
COZINHEIRA: (CHAMANDO) Moura Torta!
(A MOURA TORTA FINGE QUE NÃO É COM ELA. TODOS OLHAM PARA ELA).
COZINHEIRA: (GRITANDO) MOURA TORTA!
MOURA TORTA: Que é? Não “tá” me vendo aqui? Sou invisível agora?
COZINHEIRA: Você parece que não houve quando a gente chama!
MOURA TORTA: E precisa gritar pra me chamar? É só chamar com educação!
COZINHEIRA: Eu já não pedi para você ir pegar água?
MOURA TORTA: Não que eu lembre!
COZINHEIRA: Só hoje eu já pedi três vezes! Porque você ainda não foi?
MOURA TORTA: Porque isso não é serviço pra mim!
COZINHEIRA: Como é que é?
MOURA TORTA: Manda um desses seus lacaios fazerem isso! Eu sou muito boa e muito linda pra pegar água!
ASSISTENTES: (FALANDO AO MESMO TEMPO) Que absurdo! Sua horrorosa! Preguiçosa! Vai trabalhar!
MOURA TORTA: Quê que é?! Tão re clamando de quê?
COZINHEIRA: Você é que é uma reclamona horrorosa! Uma chata! Isso é que você é! (ENTREGANDO UM BALDE P/ A MOURA) Vai agora pegar água. Senão eu vou fazer uma reclamação diretamente ao Rei!
MOURA TORTA: “Tá” bom! Eu já vou!
COZINHEIRA: Vá naquele lago que tem uma árvore! E vê se não demora muito!
MOURA TORTA: (SAINDO) Pois eu vou andando bem devagarzinho!
COZINHEIRA: O quê você disse?
MOURA TORTA: Nada! Eu disse que já vou!
COZINHEIRA: (P/ OS AUXILIARES) Vamos trabalhar gente!
(A MOURA TORTA VAI ANDANDO DEVAGAR NA FRENTE DO PALCO. A COZINHEIRA E SEUS AUXILIARES MUDAM O CENÁRIO. A ESCADA VOLTA A SER A ÁRVORE E É COLOCADO O LAGO. A MOÇA ENTRA E SE POSICIONA. O PESSOAL DA COZINHA SAI. ISTO DEVE ACONTECER DURANTE A FALA DA MOURA. TODA ESSA MOVIMENTAÇÃO DEVE SER ACOMPANHADA DE PERCURSSÃO).
MOURA TORTA: (RESMUNGANDO) Essa cozinheira idiota pensa que é grande coisa. Mandar eu pegar água! Água de balde! Isso não é serviço pra mim! (IMITANDO) Eu vou fazer uma reclamação diretamente ao Rei! (TOM NORMAL) Mal sabe ela que se o Rei me visse ia me tratar como uma Rainha! Também nem sei se eu queria ser Rainha desse Rei velho e fedorento! Eu tenho que me casar com um Príncipe! E não é qualquer Príncipe sem graça, não! Tinha que ser o Príncipe mais lindo do mundo! (REPARA NO LAGO) Bom, cheguei! Agora tenho que pegar essa maldita água!
(A MOURA TORTA FICA BEM EMBAIXO DA ÁRVORE. LÁ EM CIMA A MOÇA SE DEBRUÇA. A MOURA VÊ O REFLEXO DA MOÇA NA ÁGUA).
MOURA TORTA: Mas olha o quê as águas claras desse lago estão me mostrando! Eu sou linda! Eu sou loura! È um absurdo, uma beleza dessas, pegar água num balde! (JOGA O BALDE PARA A COXIA. LEVANTA E VAI FAZENDO O MESMO CAMINHO DE VOLTA PARA A OUTRA COXIA) E aquela cozinheira me chamando de horrorosa! Eu vou mostrar pra ela! Vou mostrar quem é a horrorosa! (FALA MEIO CANTANDA) Eu sou linda! Eu sou loura! (CHEGA NA COXIA E CHAMA) Cozinheira! Cozinheira!
COZINHEIRA: (ENTRANDO) Que é, Moura Torta? Cadê a água?
MOURA TORTA: Eu sou muito linda pra apanhar água de balde!
COZINHEIRA: De novo essa história! Se enxerga, sua horrorosa!
MOURA TORTA: Horrorosa, não! Eu sou linda e loura!
COZINHEIRA: (RINDO) Não me faça rir! Linda e loura! (TOM SEVERO) Você é maluca. Vá já apanhar essa água! E só me volte com o balde cheio de água! Cadê o balde?
MOURA TORTA: Joguei fora!
COZINHEIRA: (PEGA UM BALDE NA COXIA E O ENTREGA A MOURA) Pois tome esse e vá encher de água!
MOURA TORTA: (DEVOLVENDO O BALDE) Eu não vou coisa nenhuma! Se quiser vá você!
COZINHEIRA: Pois eu vou fazer uma reclamação ao Rei! (SAI)
MOURA TORTA: Pode ir! Chispa daqui! Vá se queixar com o Papa! (FAZENDO O CAMINHO DE VOLTA AO LAGO) Ah, também não importa! Eu vou voltar para o lago. Quero me ver linda e loura! Nunca mais vou pegar água nesses baldes fedidos! Vou me apresentar ao Rei e ele vai se ajoelhar aos meus pés! (CHEGANDO NO LAGO) Ai, quero me ver de novo! Eu sou linda! Sou loura! (SE APROXIMA DO LAGO EM BAIXO DA ÁRVORE. A MOÇA SE DEBRUÇA) Como eu sou linda, meu Deus! (DO ALTO A MOÇA COMEÇA A RIR) É um absurdo aquela cozinheira invejosa me chamar de horrorosa. (A MOÇA RI ALTO) Mas que engraçado: eu estou aqui reclamando e minha imagem linda e loura está rindo! (A MOÇA RI MAIS ALTO – A MOURA TORTA VIRA-SE PARA CIMA E VÊ A MOÇA) Ah, então é você! Eu estava vendo a sua imagem!
MOÇA: (CONTROLANDO O RISO) Desculpe, minha senhora, foi só uma brincadeira. A senhora ficou chateada?
MOURA TORTA: (DISFARÇANDO) De jeito nenhum. Eu adoro brincadeiras! Mas o quê você está fazendo aí em cima?
MOÇA: Eu estou esperando o meu Príncipe!
MOURA TORTA: Mas aí em cima? Desça, minha filha!
MOÇA: Não posso! Ele disse que eu tinha que ficar esperando aqui em cima!
MOURA TORTA: Mas aí em cima tem muito vento e você está toda despenteada. Você não vai querer que o seu Príncipe a veja despenteada, não é mesmo? Com esses cabelos tão despenteados o Príncipe pode nem lhe reconhecer!
MOÇA: A senhora tem razão!
MOURA TORTA: Desça, minha filha! Eu penteio você. Não tenha medo!
MOÇA: (DESCENDO) A senhora me penteia?
MOURA TORTA: Mas é claro, minha filha! Sente aqui perto de mim que eu lhe penteio.
(A MOÇA SENTA PERTO DA MOURA. A MOURA SE LEVANTA, PEGA UMA ESCOVA NA BOLSA E COMEÇA A PENTEAR A MOÇA).
MOURA TORTA: Agora me conte: como você conheceu o seu Príncipe?
MOÇA: Ah, foi assim: eu sou uma Princesa e estava presa numa laranja. Assim como as minhas duas irmãs. Cada uma presa numa laranja. E aqui nesse lago, o Príncipe me libertou e me deu água. Depois ele me pediu pra namorar, me pediu pra noivar e finalmente, me pediu pra casar. Eu aceitei e ele foi para o Palácio do Rei pegar uma roupa para mim.
MOURA TORTA: E porque você não foi junto com ele?
MOÇA: Eu não queria me apresentar ao Rei, assim tão mal vestida. E achei melhor também o Príncipe avisar antes ao pai dele da minha chegada.
MOURA TORTA: E o seu Príncipe é bonito?
MOÇA: Ah, é o mais lindo do mundo!
MOURA TORTA: È bom saber!
(A MOURA APANHA NA BOLSA UM ALFINETE MÁGICO E FAZ COMO SE ENFIASSE NA CABEÇA DA MOÇA. UM GRANDE BARULHO TOMA CONTA DA CENA).
MOÇA: (LEVANTANDO) Ai, o quê é isso? O quê você fez comigo?
MOURA TORTA: Esse alfinete é mágico e vai transformar você num pombo!
(A MOURA TORTA DÁ UMA ENORME GARGALHADA. OS BOBOS ENTRAM EM CENA E COLOCAM UMA CAPA E UMA MÁSCARA NA MOÇA. ELA AGORA É UM POMBO – UMA PERCURSSÃO SOMBRIA ACOMPANHA ESSES MOVIMENTOS).
MOURA TORTA: (ESPANTANDO TODOS) Chispa daqui! Raspa! (OS BOBOS SAEM – O POMBO FAZ MOVIMENTOS COMO SE ESTIVESSE VOANDO E RODEANDO A CENA) Some coisa ruim! Agora eu vou tomar o seu lugar! Vai embora! Some! O Príncipe será meu!
(O POMBO VAI SAINDO DE CENA – A MOURA TORTA SOBE NA ÁRVORE GARGALHANDO. A PERCURSSÃO VAI DIMINUINDO. A CENA VAI ESCURECENDO. ENTRA O PRÍNCIPE NUM CANTO DO PALCO SEGUIDO PELO REI – O PRÍNCIPE ESTÁ RICAMENTE VESTIDO DE BRANCO).
REI: (MUITO CONTENTE) Que maravilha, meu filho! Você voltou! Agora lembre se do quê você me prometeu: vai tomar juízo!
PRÍNCIPE: Pode deixar, meu pai, vou tomar juízo! Vou até me casar!
REI: Como assim casar?
PRÍNCIPE: Ah, meu pai, conheci a Princesa mais linda desse mundo! Estou completamente apaixonado!
REI: E ela é bonita mesmo?
PRÍNCIPE: Linda, meu pai! Um verdadeiro encanto! Os cabelos sedosos, a pele de porcelana, os olhos de candura e a voz doce como o mel!
REI: Que beleza, meu filho! Mas onde está essa formosura?
PRÍNCIPE: Está me esperando aqui perto do castelo.
REI: Então vá buscá-la, meu filho! Quero vê-la!
PRÍNCIPE: Vou, meu pai! Mandei fazer para ela um vestido com a cor dos sonhos! Vou vesti-la e traze-la a sua presença! Vou rápido como uma flecha!
REI: Adeus, meu filho! Eu fico aqui a esperar! (SAI)
(A LUZ VOLTA. ENTRAM OS BOBOS. ELES AGORA SÃO SOLDADOS DO PRÍNCIPE. USAM UM CHAPÉU PRETO EMPLUMADO. UM DELES LEVA O VESTIDO. UM OUTRO ENTREGA PARA O PRÍNCIPE UM CAVALO DE PAU. O PRÍNCIPE MONTA. ELES FAZEM UMA MOVIMENTAÇÃO COMO SE ESTIVESSEM INDO PARA O LAGO. TODA ESSE MOVIMENTAÇÃO DEVE SER ACOMPANHADA PELA MÚSICA).
MÚSICA: VOU BUSCAR O MEU AMOR
PRÍNCIPE: Vou buscar o meu amor!
Vou depressa, vou ligeiro.
Vou voando como vento
O vento mais guerreiro!
Ela é a mais bonita!
A mais meiga, mais amada.
A mais doce criatura!
Minha linda namorada!
O meu sonho, meu desejo.
Quero tê-la só pra mim.
Sentir sua pele de rosa
Seu perfume de jasmim.
Vou buscar o meu amor!
Vou buscar minha paixão.
Quero guarda-la com jeitinho
Dentro do meu coração!
(O PRÍNCIPE VAI ATÉ O LAGO. AO CHEGAR NO LAGO O PRÍNCIPE ENTREGA SEU CAVALO PARA UM DOS BOBOS. OS BOBOS SE POSICIONAM. FICAM PERFILADOS EM RESPEITO À PRINCESA. O PRÍNCIPE VAI ATÉ A ÁRVORE. A MÚSICA SÓ DEVE TERMINAR QUANDO O PRÍNCIPE CHAMAR PELA MOÇA).
PRÍNCIPE: (CHAMANDO) Princesa! Minha Princesa! Pode descer! Eu já cheguei!
MOURA TORTA: (DESCENDO) Já vou, meu Príncipe!
BOBOS: (DEPOIS QUE A MOURA TORTA DESCE E SE MOSTRA PARA TODOS) Oh!!!
PRÍNCIPE: (ESPANTADO) Mas o quê houve, Princesa?
MOURA TORTA: Nada! Porque?
PRÍNCIPE: Seus cabelos sedosos, a pele de porcelana, os olhos de candura e a voz doce como o mel? O quê aconteceu?
MOURA TORTA: Ah, Príncipe, você demorou muito! O sol queimou meus cabelos sedosos e eles ficaram secos assim. O sol também queimou minha pele de porcelana e ela rachou. Um galho furou esse olho e acabou com a candura. E eu chamei tanto por você que minha voz perdeu o mel e minha boca ficou murcha! E eu ainda fiquei toda torta por que a posição que eu estava na árvore era muito ruim e me deixou assim.
PRÍNCIPE: Não imaginei que tinha demorado tanto!
MOURA TORTA: Ah, mas demorou! (MUDANÇA DE TOM) O quê?! Você não está pensando em deixar de casar comigo só por causa dessas bobagens, né?
PRÍNCIPE: Claro que não, Princesa! Você continua sendo para mim a mais doce e a mais meiga! Trouxe para você um vestido com a cor dos sonhos!
(UM DOS SOLDADOS MOSTRA O VESTIDO)
MOURA TORTA: (APONTANDO P/ O VESTIDO) Isso? Com a cor dos sonhos? Não quero! Quero um vestido com a cor dos pesadelos! (REPARA NOS SOLDADOS) E quem são esses aí?
PRÍNCIPE: A comitiva para busca-la, Princesa! (OS SOLDADOS ENCHEM O PEITO).
MOURA TORTA: Parece um bando de urubus! (OS SOLDADOS MURCHAM) Vamos embora, Príncipe! Vamos embora que eu já fiquei muito tempo nesse lugar horroroso! Quero conhecer seu pai, o Rei! Vamos preparar o casamento!
PRÌNCIPE: (TRISTE) Vamos, minha amada. (OS DOIS SAEM)
(OS BOBOS TIRAM OS CHAPÉUS DE SOLDADOS E COLOCAM OS CHAPÉUS DE BOBOS. MUDAM O CENÁRIO PARA A SALA DO TRONO. ESTES MOVIMENTOS DEVEM SER ACOMPANHADOS DE PERCURSSÃO. TERMINADA A ARRUMAÇÃO O BOBO VERMELHO TOCA UMA CORNETA. OS BOBOS FICAM PERFILADOS. ENTRA O REI).
REI: (ENTRANDO E SENTANDO NO TRONO) Mas onde está o meu filho? Porque demora tanto? Onde ele terá deixado essa Princesa?
BOBO AZUL: Calma, Majestade! O Príncipe já deve estar chegando.
REI: Mas ele está demorando muito!
BOBO VERDE: São coisas do amor, Majestade!
BOBO AMARELO: E a bela Princesa deve estar se arrumando para ser apresentada ao pai de seu amado Príncipe!
REI: Não vejo a hora de ver essa bela moça! Essa bela Princesa!
(BOBO VERMELHO TOCA NOVAMENTE A CORNETA E ANUNCIA)
BOBO VERMELHO: (ANUNCIANDO) Majestade, anuncio a chegada do Príncipe... (OUTRO TOM) e da Princesa.
(O PRÍNCIPE E A MOURA ENTRAM. O PRÍNCIPE ESTÁ CABISBAIXO. A MOURA ESTÁ RADIANTE COM SEU VESTIDO COM AS CORES DO PESADELO. ELA FAZ UM DESFILE PELA CENA. O DESFILE DEVE SER ACOMPANHADO POR UMA PERCURSSÃO CÔMICA. OS BOBOS FICAM ESPANTADOS. O REI LEVANTA DO TRONO).
REI: É esta a linda Princesa que você foi buscar, meu filho?
PRÍNCIPE: Sim, meu pai! Esta é a dona do meu coração!
REI: Mas não pode ser!
MOURA TORTA: Porque? Não gostou de mim? (P/ O PRÍNCIPE) Vê, meu amado! Ele é contra o nosso casamento!
REI: Meu filho, você perdeu o juízo?
PRÍNCIPE: Mas, meu pai, ela é a mulher que eu amo! Eu jurei que voltava para busca-la!
REI: Você não pode se casar com... com...
MOURA TORTA: Com o quê, seu velho lambão?
TODOS: Oh!
PRINCIPE: Princesa, não fale assim com o Rei!
MOURA TORTA: É o Rei? Mas ele não ficou um tempão esperando você naquela árvore horrorosa! Não ficou todo torto de tanto esperar! Ficou?
REI: Não quero ouvir mais nada! Meu filho, se você deu sua palavra, ela deve ser cumprida! Casa-se com essa mulher! Mas saiba que sou contra esse casamento! (SAI)
MOURA TORTA: Vai! Vai mesmo! Chispa daqui! Raspa! Ninguém precisa de você aqui!
(BOBO AZUL APONTA PARA A PLATÉIA)
BOBO AZUL: Príncipe veja quantos pombos estão vindo para o palácio! Uma revoada de pombos!
(TODOS OLHAM. A MOURA SE ASSUSTA).
MOURA TORTA: (COM MEDO) Pombos! Não gosto de pombos! Expulsem todos eles!
PRÍNCIPE: Não, Princesa! Não quero que ninguém faça mal a nenhum pombo. Não há necessidade de ter medo. Esses pombos não farão mal a ninguém.
MOURA TORTA: (FINGINDO) Se você assim quer, meu amado, assim será!
PRÍNCIPE: Vou lá fora ver o quê está acontecendo.
(O PRÍNCIPE SAI)
MOURA TORTA: Bobos! Bobos estúpidos! Ordeno que mandem matar todos esses pombos!
BOBO AMARELO: Mas senhora, o Príncipe acabou de dizer...
MOURA TORTA: Não me interessa! Eu serei a Princesa e futuramente a Rainha! Quero que acabem com esses pombos malditos! Imediatamente! Ah, e mandem também chicotear todos que trabalham na cozinha. Principalmente, a cozinheira! Agora, chispa! Raspa daqui! (OS BOBOS SAEM CABISBAIXOS). Eu serei a Princesa! E depois, é só me livrar daquele Rei velho e babão, e serei a Rainha! A Rainha suprema! E nada! Nada vai atrapalhar os meus planos!
(A MOURA TORTA SAI GARGALHANDO – MUDANÇA DE LUZ – A MÚSICA COMEÇA COM O PALCO VAZIO. ENTRA O PRÍNCIPE. DURANTE A MÚSICA O POMBO ENTRA E CANTA JUNTO COM O PRÍNCIPE).
MÚSICA: POR TODA MINHA VIDA
PRÍNCIPE: Não sei o quê aconteceu...
Quem pode me contar?
Como um pobre coração
Pode tanto se enganar?
Quem é que vai dizer?
Quem sabe a solução?
Como faço aplacar
A dor do meu coração?
MOÇA: Eu vou lhe ajudar,
Meu Príncipe tão bonito.
Eu quero acalmar
Seu coração aflito.
Não quero nunca mais
Ver sua partida.
Ficarei ao seu lado
Por toda minha vida!
PRÍNCIPE: Sei que estou sendo egoísta
Só estou pensando em mim.
Mas onde está toda a doçura
E aquela boca de carmim.
Como pode se enganar
O meu pobre coração?
Quem poderá no mundo
Resolver essa paixão?
MOÇA: Não sofra assim, meu amado,
Pois você é o mais querido.
Ver todo seu sofrimento
Deixa meu coração ferido.
Mas pode ter a certeza
Por mais que seja comprida
Vou ao seu lado na estrada
Por toda minha vida.
(O PRÍNCIPE SENTA NO CHÃO. O POMBO SE APROXIMA DELE E DEITA A CABEÇA EM SEU COLO)
PRÍNCIPE: Ah, meu amigo pombo, como estou infeliz! Se você pudesse me ajudar! (O PRÍNCIPE FAZ UM CARINHO NA CABEÇA DO POMBO – A MOURA TORTA APARECE NO FUNDO DO PALCO E OBSERVA A CENA). Mas o quê é isso? Tem uma verruga aqui. Não! É um alfinete! Quem faria essa maldade? Espetar um alfinete na cabeça de um pombo?
(O PRÍNCIPE FAZ UM MOVIMENTO PARA RETIRAR O ALFINETE – A MOURA TORTA SE DESESPERA)
MOURA TORTA: Não, Príncipe! Não faça isso!
(O PRÍNCIPE RETIRA O ALFINETE – UMA PERCUSSÃO SUAVE COMEÇA A TOCAR – O PRÍNCIPE E A MOÇA SE LEVANTAM. ELA RETIRA A MÁSCARA E A CAPA. UMA CHUVA DE PAPEL PICADO BRANCO TOMA CONTA DA CENA. A MOURA SAI CORRENDO E GRITANDO PELO OUTRO LADO DO PALCO).
PRÍNCIPE: Princesa, o quê aconteceu?
MOÇA: Ah, meu Príncipe, eu fui novamente enfeitiçada. Agora por aquela mulher que tomou o meu lugar. Ela me enganou, espetou esse alfinete na minha cabeça e me transformou num pombo! Mas você me salvou de novo! (OS DOIS SE ABRAÇAM)
PRÍNCIPE: Ah, meu amor, eu sabia que tinha alguma coisa errada! (SAINDO DO ABRAÇO) Mas vamos! Eu preciso mostrá-la a meu pai! (OS DOIS SAEM CORRENDO)
(ENTRAM OS BOBOS. DOIS DE CADA LADO. JOGAM PARA O AR PAPEL PICADO. CADA UM NA SUA COR)
BOBO VERMELHO: Viva! Que alegria!
BOBO AMARELO: O Príncipe e a Princesa enfim vão se casar!
BOBO VERDE: Será uma grande festa! Sete dias de folia!
BOBO AZUL: (MUDANÇA DE TOM) Peraí! Vem cá! E a Moura Torta? (P/ OS BOBOS) Vocês sabem qual foi o castigo que ela recebeu por todas as suas maldades?
BOBO VERMELHO: Alguns dizem que ela foi queimada viva. Suas cinzas espalhadas pelo vento voaram. Algumas delas caíram no vestido e na roupa dos noivos quando eles estavam casando.
BOBO AMARELO: Outros dizem que ela está sendo perseguida por um bastão mágico que bate nela e a faz correr pelo mundo.
BOBO VERDE: E por fim, tem gente que acredita que ela foi condenada a buscar água no lago pela vida toda. Mas usando um balde furado que nunca fica cheio.
BOBO AZUL: Mas na verdade ninguém sabe ao certo.
(COMEÇA A MÚSICA. ENTRA DE UM LADO DO PALCO O REI E DO OUTRO LADO O PRÍNCIPE E A MOÇA. ELES SE ABRAÇAM. A MOÇA ESTÁ VESTIDA RICAMENTE. MUITA FESTA E ALEGRIA).
MÚSICA: FINAL FELIZ
TODOS: Toda a gente quer
Um final feliz
Desde o grande mestre
Até o aprendiz.
Toda a gente sonha
Deseja lá no fundo
Um final feliz
Pra todo mundo.
Pode ser fortuna grande
Ou casamento arranjar.
Pode ser uma vitória
Ou saúde pra esbanjar!
Pode ser um novo amigo
Ou uma casa pra morar!
Pode ser muito poder
Ou alguém que vá amar!
Quem a de dizer?
Quem saberá agora?
Quando será feliz?
Quando chegou a hora?
No fim ou no começo.
Está longe ou perto.
Pra aquele que deixar
O coração aberto!
Toda a gente quer
Um final feliz
Desde o grande mestre
Até o aprendiz.
Toda a gente sonha
Deseja lá no fundo
Um final feliz
Para todo mundo.
FIM