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CONTOS

DE 

NATAL

NOTA DO SITE:

É muito difícil identificar de onde uma história popular se originou.

A divisão por continentes, países e regiões é para dar uma ideia da disseminação geográfica das narrativas.

A ÁRVORE E O LENHADOR

 

Numa pequena casa, em uma grande floresta, morava um lenhador com sua mulher e seus dois filhos. Eles eram muito pobres, mas viviam bem com o pouco que tinham. Era véspera de Natal e todos ajudaram a preparar a festa. A ceia foi posta na mesa. Tinha pouca comida, mas o suficiente para toda a família. Quando todos estavam sentados, ouviram uma batida na porta. O lenhador se levantou e foi ver quem era. Na entrada da casa, ele encontrou uma criança, um menino pálido, sujo, e com as roupas rasgadas. O lenhador perguntou:

 

- O que você quer, menino?

- Estou com fome e não tenho onde passar o Natal! O senhor teria um pouco de comida para me dar?

 

Sem pestanejar o lenhador respondeu:

 

- Você vai comer e passar o Natal com a gente!

 

O lenhador abriu bem a porta e fez o menino entrar. A família parou a ceia. A mãe preparou um banho para o desconhecido e as crianças pegaram roupas para ele. Depois do banho, ele se vestiu. As roupas não eram novas. Estavam até remendadas. Mas estavam limpas e cheirosas. Banhado e vestido, o menino sentou, junto com a família, e todos comeram a comida que era pouca, mas foi o suficiente para todos e estava deliciosa.  Terminada a ceia, a família e seu convidado fizeram uma oração. Depois, o lenhador preparou uma cama para o menino poder descansar e todos foram dormir.

No dia seguinte, dia de Natal, bem cedo, a família foi despertada pelo mais belo canto que já tinham ouvido. Eles foram ao quintal da casa, seguindo aquela maravilhosa melodia, e lá encontraram o menino cercado por um coro de anjos. A criança já não estava vestida com as roupas dos filhos do lenhador. Usava um manto vermelho magnífico rodeado por luzes brilhantes. Os donos da casa não acreditavam que estavam diante de tanta beleza. O menino olhou para eles e disse:

 

- Feliz Natal, meus amigos!

 

O lenhador, um pouco espantado, perguntou:

 

- Quem é você?

 

E a criança respondeu:

 

- Eu sou o Menino Jesus! Vocês me receberam com tanta bondade que quero agora lhes dar um presente!

 

O Deus menino disse isso, quebrou o galho de um pinheiro e plantou no meio do quintal. Depois se afastou um pouco. A árvore cresceu e se encheu de frutas. A família ficou admirada e o menino disse:

 

- Essa árvore vai dar frutas o ano todo! Mesmo no inverno! Vocês nunca vão passar fome!

 

As crianças foram até a árvore, colheram algumas frutas e provaram. O gosto era delicioso. O Deus menino quebrou um galho da árvore e levou para dentro da casa. Colocou o galho em pé no meio da sala e disse:

 

- Todos os anos, no Natal, vocês vão tirar um galho da árvore. Vão colocá-lo aqui e enfeitá-lo! Vai ser uma lembrança desse nosso encontro e do verdadeiro significado do Natal!

 

Ele disse isso e a árvore se encheu de bolas coloridas e brilhantes. O menino Jesus desapareceu, junto com os anjos, e a família ficou feliz com tanta beleza.

Todos os anos eles montavam a árvore de Natal. Seus vizinhos, amigos e parentes também passaram a fazer o mesmo e esse costume foi passando, de geração em geração, até os dias de hoje.

 

ADAPTAÇÃO DE AUGUSTO PESSÔA

In: Histórias de Natal

Editora Escrita Fina

 

 

A LENDA DA ÁRVORE DE NATAL

 

Jesus nasceu! O mundo todo se encheu de alegria e todos queriam presentear o Deus Menino. Os homens, os bichos e até as árvores buscavam a melhor forma de mostrar a sua felicidade pela vinda do Salvador. Do lado de fora do estábulo, onde estava a Santa Família, as árvores estavam agitadas. Todas também queriam presentear o Menino. A oliveira, toda cheia de si, foi logo dizendo:

 

- O meu será o melhor presente! Vou oferecer as minhas mais apetitosas azeitonas! O Menino vai se deliciar com tanto sabor!

 

A tamareira não acreditou:

 

- Com certeza não serão mais apetitosas que as maravilhosas tâmaras que eu darei como prenda!

 

A palmeira desdenhou do presente das duas árvores:

 

- Vocês só pensam em comida? Eu darei uma coisa muito mais útil: a minha folha mais larga!

- Uma folha? - perguntou a tamareira com desdém – Pra que ele vai querer uma folha?

- Pra se abanar quando estiver calor! – respondeu, orgulhosa, a palmeira – Você não pensa, minha filha!

 

Então a oliveira entrou na conversa:

 

- Mas eu não vou dar só comida! Vou presenteá-lo com óleos perfumados feitos da minha própria seiva! Ele será a criança mais perfumada do mundo!

- Você está é chamando o menino de fedorento?

 

A conversa ia por esse lado, quando um pinheirinho perguntou:

 

- E eu? O que será que eu posso dar para o nosso Salvador?

 

As três árvores pararam a sua conversa e olharam com desprezo para o pequeno pinheiro. A palmeira deu uma gargalhada e disse:

 

- Você? Tão pequenininho e sem graça... Acho que não pode dar nada!

- A não ser que você queira – continuou a oliveira – que o Deus menino se machuque nesses seus ramos pontudos!

- Realmente – terminou a tamareira – Você não tem nada para oferecer!

 

O pinheiro ficou triste e cabisbaixo. Queria também fazer um agrado para o Jesus menino. Mas não sabia como. Ele ficou pensando, pensando muito, num presente. Uma coisa que pudesse fazer feliz o nosso Salvador. Mas, por mais que pensasse, não tinha nenhuma ideia. Ele só não sabia que, lá em cima no céu, tinha alguém vendo a sua tristeza. Era um anjo que ficou com pena do pinheirinho e resolveu ajudar. As estrelas brilhavam com força no céu. O anjo, com muito cuidado, foi pegando aqueles astros luminosos. De todas as cores e tamanhos: pequenas, grandes, amarelas, azuladas, avermelhadas. Depois foi enfeitando os ramos pontudos do pinheirinho com aquelas luzes coloridas.

Deitado na manjedoura, o Deus menino abriu seus olhos despertando de um sono gostoso. No meio daquela escuridão, do lado de fora do estábulo, ele viu as maravilhosas luzes que enfeitavam o pinheiro. Que coisa mais linda! Era um presente magnífico!

O Menino Jesus levantou as mãozinhas e deu aquele sorriso para a árvore que iluminava a escuridão da noite.

E o pinheiro passou a ser, para sempre, um símbolo do Natal.


História tradicional inglesa

ADAPTAÇÃO DE AUGUSTO PESSÔA

In: Histórias de Natal

Editora Escrita Fina

 

 

LENDA DA VELA DE NATAL

 

Há muito tempo atrás, numa cidade pequena, vivia um sapateiro. Ele era muito pobre e sua casa ficava bem na beira de uma estrada que levava para outras regiões. Para ajudar os viajantes, o sapateiro acendia uma vela toda a noite para iluminar os caminhos.

Mas era no Natal que sua casa ficava mais iluminada. Ele fazia questão de acender várias velas. Nesse tempo, o povo da cidade não tinha o hábito de acender velas no Natal e estranhavam aquelas luzes todas. Alguns até perguntavam ao sapateiro:

 

- Pra que tanta vela acesa? O que o senhor quer com isso? Quer causar um incêndio?

 

E o homem respondia:

 

- Quando acendo essas velas eu penso na luz que Nosso Senhor, quando nasceu, trouxe ao mundo! É um símbolo! E essa chama nos ajuda a lembrar de que nós também temos que ser uma luz para iluminar os nossos caminhos e o nosso próximo! E que época melhor do que o Natal para se lembrar da importância dessa luz?


Mas ninguém o levava muito a serio. Alguns achavam que ele era meio maluco e até debochavam:

 

- Símbolo? Que coisa de doido! É só uma vela acesa!

- E que história é essa que a gente tem que ser luz? Vamos terminar pegando fogo!

           

Apesar do deboche, tinha uma coisa que ninguém entendia: o sapateiro era pobre, solitário, mas era feliz. Uma felicidade muito grande! Parecia que ele morava no próprio paraíso. Vivia sempre sorrindo e ajudando todo mundo. Tinha gente que dizia:

 

- Ele devia se ajudar em vez de ficar ajudando os outros! Não tem nem onde cair morto!

 

Mas o sapateiro não ligava. Continuava a sua vida sempre ajudando os outros e acendendo suas velas. Principalmente no Natal.

O tempo passou e trouxe com ele uma guerra terrível. Todos os jovens do país foram chamados para a luta. Os habitantes da pequena cidade também mandaram os seus filhos para a batalha. Logo o medo e a saudade, causados pela guerra, acabaram com a alegria do lugar. A tristeza tomou conta de todos os lares.

Menos na casa do sapateiro. Mesmo com toda desgraça da guerra, ele continuava feliz e ajudando todo mundo. Com um sorriso largo ele dava uma alegria para aqueles que sofriam com a aquela horrível situação. E o pobre sapateiro continuava sempre acendendo as suas velas. Alguns até se perguntavam:


- Quem sabe não é aquela vela acesa, toda a noite, o segredo da felicidade desse sapateiro?

 

Chegou à véspera de Natal e os habitantes da cidade resolveram imitar o pobre homem. Todos acenderam, naquela noite, a sua vela e colocaram na janela. Uma a uma as janelas foram sendo iluminadas. E aos poucos a cidade inteira foi se enchendo daquela luz que parecia mágica.

Então aconteceu o inesperado! Quando deu meia-noite, os sinos das igrejas começaram a tocar anunciando a boa notícia: a guerra tinha terminado!

Os jovens já chegavam para comemorar o Natal com suas famílias. Todo mundo saiu de suas casas e a cidade inteira foi até a porta do sapateiro. Em todas as bocas as mesmas palavras:

 

- É um milagre! O milagre das velas acesas! O milagre das velas de Natal!

 
Fizeram uma grande folia na rua em agradecimento ao sapateiro. Cada família trouxe alguma coisa para ceia e para enfeitar a festa. E, claro, também trouxeram muitas velas para iluminar aquela verdadeira noite feliz.

Esse Natal nunca mais foi esquecido pelos habitantes daquele pequeno lugar. Assim, a cidade inteira passou a acender velas na véspera de Natal. E o costume se espalhou pelo mundo todo...

 

ADAPTAÇÃO DE AUGUSTO PESSÔA

In: Histórias de Natal - Editora Escrita Fina

O BOI E O BURRO NO PRESÉPIO

           

O céu estava em polvorosa! Os anjos batiam suas asinhas pra lá e pra cá. A agitação era geral. Tudo tinha que estar pronto para a grande data! O dia do nascimento do menino Deus! Os preparativos estavam adiantados, mas ainda tinha muita coisa para fazer! A alegria e a euforia estavam aparentes em cada gesto, em cada sorriso, em cada momento. Só uma ponta de tristeza: os anjos sabiam que o menino não teria muita ajuda no grande momento. Os homens, apesar de todos os avisos mandados há anos, nada fariam para auxiliar no nascimento do Salvador. Todas as portas estariam fechadas. Nenhum homem iria receber a santa família. O menino vai nascer num estábulo. Vai deitar numa manjedoura tendo a palha como colchão. José e Maria não teriam ninguém para ajudá-los nesse momento tão importante. O arcanjo Gabriel estava preocupado com isso, até que teve uma ideia:

 

- Podíamos convidar dois bichos para ajudar no nascimento! Assim a família não ficaria sozinha nesse momento tão importante!

 

A ideia era boa! Mas que bichos convidar? Teriam que ser muito bem escolhidos. O próprio arcanjo Gabriel se encarregou de descer a terra para eleger os afortunados. E ele assim fez. Desceu ao mundo dos homens, chamou os ventos e mandou que eles espalhassem a notícia: o menino Deus vai nascer e precisa de dois bichos para estar ao seu lado nesse momento tão bonito!

Os ventos sopraram a boa nova por todos os cantos do mundo. Logo uma enorme fila de animais se formou na frente do arcanjo. Estavam todos lá: camelos, macacos, onças, girafas e por aí vai. O primeiro a chegar, naturalmente, foi o rei dos animais com sua enorme juba. Lá estava o leão, no início da fila, com cara de “já ganhou”. E ele encheu o peito e foi logo falando para o arcanjo enquanto sacudia aquela grande cabeleira:

 

- É evidente que, sendo o menino um rei, ele só pode ter ao seu lado alguém a sua altura. Sou um rei! Tenho minha força e minha realeza para oferecer ao pequeno! Não precisa nem chamar outro bicho! Minha real presença já basta!

 

Mas o arcanjo não gostou muito:

 

- Não! Pode baixar essa sua juba! O menino não vai precisar disso! Força e realeza ele já tem e não precisa ficar expondo          isso por aí. E além do mais, com esses dentes tão grandes e essas garras pontudas você vai é assustar todo mundo.

 

O leão saiu com a cabeleira murcha e o rabo entre as pernas. Depois veio um bicho todo enfeitado. Todo garboso. Todo metido. Com uma calda grande e colorida que ele agitava rápido, enquanto olhava para os lados, querendo causar inveja. Era o pavão. Chegou na frente do arcanjo e abriu toda aquela plumagem colorida causando espanto nos outros animais. Depois deu duas voltas, girando no mesmo lugar, para mostrar todo o seu esplendor.

 

- Eu sou perfeito para cumprir essa tarefa. O menino é um Rei! Tem que estar junto da formosura! Com toda a minha beleza transformarei aquele mísero estábulo num palácio digno de receber o pequenino!

 

Mas o arcanjo Gabriel também não gostou:

 

- Nem pensar! Ninguém precisa dessa vaidade toda! Dessa exibição sem sentido! O deus Menino já trará, dentro de si, toda a beleza do mundo!

 

O pavão saiu ofendido e com a crista baixa.             Em seguida veio a raposa, toda matreira, também achando que o lugar já era seu. Aproximou-se de Gabriel e foi dizendo com fala mansa e nariz empinado:

 

- Sou a mais adequada para cumprir a tarefa! Sou esperta! Engano qualquer um! Além disso, o pequeno não vai passar fome comigo! Conheço tudo que é galinheiro dessa região! Não vai faltar ovinho para fazer uma boa gemada para o pequeno. E ainda posso arranjar um franguinho novo para saciar a fome dos pais...

           

Mas o arcanjo não gostou da conversa:

 

- Saia já daqui, sua danada! O menino não vai precisar dessa sua esperteza! Procure seu rumo!

 

A raposa saiu rapidinho com o focinho baixo. E assim, um por um, foram passando todos os bichos da enorme fila. E nenhum agradou ao arcanjo que achou melhor desistir da ideia. O menino Deus ficaria mesmo sozinho numa hora tão importante. Cabisbaixo, ele começou a bater suas asas para voltar ao céu. Já estava bem alto quando viu, lá de cima, um boi e um burro que trabalhavam num descampado. Gabriel não lembrava de tê-los visto na grande fila. Será que eles não receberam a notícia? O arcanjo desceu e foi ter com os dois trabalhadores. O boi e o burro se espantaram ao ver Gabriel, mas o arcanjo os acalmou:

 

- Calma! Não se assustem! Vim apenas fazer uma pergunta! Não vi os dois na fila dos animais! Não souberam que estamos precisando de dois animais para estar junto ao Jesus Menino quando ele nascer?

 

O burro baixou os olhos e respondeu:

 

- Ficamos sabendo, meu senhor! Mas somos só dois trabalhadores! Não temos nada para oferecer ao grande Rei! Os outros animais têm realeza, esperteza e beleza. Nós só      temos nossos lombos pra aguentar o trabalho!

 

O boi ainda completou:

 

- O máximo que poderíamos fazer é espantar as moscas de cima do Deus Menino balançando nossos rabos! Talvez, aquecer o pequeno com o sopro das nossas narinas! Mas isso não é coisa que se ofereça a um Rei! Não somos dignos de estar junto daquele que vai salvar o mundo!

 

O arcanjo se encheu de alegria e disse:

 

- Pois vocês são os escolhidos!

 

O boi e o burro ficaram mais espantados:

 

- Nós?

- Sim! - respondeu Gabriel – Vocês são os escolhidos!  É exatamente o que precisamos: humildade e fé! Você, burro, trará a família para Belém e ficará com eles em todos os momentos! Você, boi, vai ficar junto com o burro no estábulo! Vão espantar as moscas com suas caldas e o frio com o ar quente de suas narinas!

 

Assim foi dito! Assim foi feito!

E até hoje o boi e o burro estão junto com o Deus menino em todos os presépios do mundo.

 

ADAPTAÇÃO DE AUGUSTO PESSÔA

In: Histórias de Natal - Editora Escrita Fina

A LENDA DA FLOR DA NOITE SANTA

 

Diz a lenda que um menino chamado Diego, que morava numa aldeia de montanha no México, queria levar flores para a igreja na véspera de Natal. Esse é um velho costume do país. Todos os anos, nessa época, os moradores vão a pé até as igrejas levar flores para depositar aos pés do menino Jesus. Mas Diego era pobre e não tinha dinheiro para comprar flores frescas. As outras crianças zombavam dele:

 

- Que feio, Diego! Você nunca leva flores para o menino Jesus!

- Não leva porque não tem dinheiro pra comprar!

 

Diego não ligava para a zombaria. Ele ficava mesmo triste porque tinha muita vontade de presentear o Deus Menino. Ele procurava flores no campo, mas era inverno nessa época e o frio intenso não deixava uma só flor viva.

Mas houve uma véspera de Natal diferente. Nesse dia, o menino estava sozinho no campo, tentando achar alguma flor mais resistente, quando ouviu uma voz suave. Uma voz que parecia de um anjo e que falou assim:

 

- Diego, pegue as ervas daninhas, que crescem apesar do frio, e dê de presente para o Deus Menino!

 

O menino ficou assustado. Procurou por todos os lados tentando encontrar o dono daquela voz, mas não encontrou ninguém. E a voz insistia no pedido:

 

- Diego, pegue as ervas daninhas, que crescem apesar do frio, e dê de presente para o Deus Menino!

 

Ainda assustado o garoto respondeu:

 

- Mas eu não posso dar ervas daninhas para o Menino Jesus! Ele não vai gostar disso!

 

E a voz de anjo disse num tom suave:

 

- O mais simples presente, quando dado com amor, é sempre o mais bonito! Com certeza o Menino Jesus ficará satisfeito!

 

Ainda sem saber se estava fazendo a coisa certa, Diego pegou um bom punhado de ervas daninhas e foi caminhando devagar até a igreja da aldeia. Quando chegou lá viu várias crianças depositando as flores mais lindas na manjedoura do Deus Menino. Sem querer chamar a atenção, Diego depositou as ervas com todo amor aos pés do Menino Jesus. Mas as crianças ficaram revoltadas:

 

- Que absurdo! Olha o que o Diego está fazendo! Dando ervas daninhas de presente para Nosso Senhor!

- Esse menino só pode estar maluco!

 

O pequeno Diego, muito envergonhado, já ia tirar as ervas da manjedoura quando aconteceu uma coisa fantástica! As plantas daninhas se transformaram em lindas flores vermelhas com folhas verdes brilhantes. Diego ficou espantado. Eram as flores mais lindas que ele já tinha visto. As crianças, e os outros moradores da aldeia, se ajoelharam diante do presépio. Diego entendeu, enfim, o significado do que o anjo lhe disse: o maior presente para o Menino Jesus era o dom de dar amor.

A flor passou a ser chamada pelos mexicanos de “Flor da Noite Santa”.

E acabou a história.

 

Adaptação de Augusto Pessôa

Conto popular mexicano

In: Histórias de Natal

Editora Escrita Fina

COMO A ARANHA SALVOU O MENINO JESUS

 

Na entrada de uma gruta, a aranha tecia devagar a sua delicada teia, quando um besouro veio lento e presunçoso zombar de seu trabalho:

 

- Está fazendo teia nova, senhora aranha? Por quê?

- Esse é meu trabalho, senhor besouro! Daqui tiro meu alimento!

- Uma coisa tão frágil! Qualquer humano num puxão quebra com isso num instante!

- Tem razão, senhor! Minha teia é fraca para os humanos e para os animais maiores!

 

Disse a aranha, sem brigar com o besouro, querendo terminar o assunto. Mas o danado não estava satisfeito. Queria continuar com a zombaria:

 

- Além disso, o que você chama de trabalho... Essa teia que você faz... Tem aspecto de sujeira... De abandono! Onde você tece não presta! É um local largado! Um lugar que ninguém quer! É sujo! Com pouca higiene! Uma coisa nojenta!

 

A aranha, sem para de tecer, respondeu com paciência:

 

- Continua com razão, senhor besouro! Para muita gente a minha teia é sinal de tristeza! Mas esse é o meu trabalho! Não posso deixar de fazê-lo só porque os outros não gostam dele! Mas com certeza ele é útil pra mim e pode um dia ter utilidade para outras pessoas!

- Não sei pra quem! Essa sua teia só serve mesmo pra senhora e pra emporcalhar os lugares!

- Pois se o senhor pensa assim, ótimo! Deixe-me em paz e vá cuidar da sua vida!

- Hum... Ainda por cima é malcriada!

 

O besouro disse isso e saiu voando junto com sua presunção. A aranha não quis perder tempo ficando chateada. Estava mais preocupada em fazer o seu trabalho. E se o besouro pensava assim... O que ela podia fazer? O melhor era continuar a fazer a sua teia na entrada da gruta.

Isso aconteceu numa época muito especial. Logo depois que o menino Deus nasceu num estábulo na cidade de Belém. E a Família Sagrada teve que fugir de lá. O rei Herodes, sabendo do nascimento do Salvador e temendo que Ele tomasse o seu lugar, mandou matar todos os recém-nascidos. Nossa Senhora, o Menino Deus e São José fugiram para o Egito sendo perseguidos pelos soldados de Herodes. Os inimigos se aproximavam cada vez mais e a Santa Família estava prestes a cair nas mãos dos carrascos.

Os anjos do céu voavam, na frente dos fugitivos, avisando o que estava acontecendo e pedindo ajuda. Até que o grupo passou na frente da gruta onde a aranha trabalhava. São José achou que aquele lugar seria o ideal para o descanso de sua família e eles entraram. A aranha ouviu o que os anjos diziam. Percebeu que, onde estava, a Santa Família seria uma presa fácil para os seus perseguidores. A aranha teve uma ideia e começou a trabalhar mais intensamente. Queria ajudar a Santa Família. Subia e descia. Pulava de um lado para o outro. Sempre tecendo. Com rapidez, e agilidade inacreditável, foi cobrindo toda a entrada da gruta com seus fios delicados. Num instante, teceu uma longa teia que tomava toda a frente da gruta. Daí a pouco, chegaram os perseguidores, os soldados de Herodes, que vinham atrás do rastro do burrinho que carregava Nossa Senhora e o Deus Menino. Até que chegaram na entrada da gruta e já iam entrar, quando o comandante, vendo a imensa teia, os deteve:

 

- Nem percam tempo de entrar aí! É claro que é uma armadilha!

 

Um dos soldados estranhou:

 

- Mas o rastro segue nessa direção, senhor!

 

O comandante perdeu a paciência:

 

- Cale a boca, seu tolo! Não está vendo essa teia de aranha             que cobre toda a entrada da gruta? Se alguém tivesse passado por aí a teia estaria rasgada e destruída! Ela está inteira! Ninguém passou por aí! Isso é um lugar abandonado! Deve estar imundo! Vamos seguir em frente! Com certeza iremos encontrá-los mais adiante! Avante!

 

E os soldados foram embora. Nossa Senhora, São José e o Deus Menino puderam descansar tranquilamente por toda a noite.

Na manhã seguinte, quando iam partir, Nossa Senhora abençoou a aranha e seu trabalho que tinham salvado o menino Jesus.

A teia foi rasgada para que a Santa Família pudesse seguir com segurança até o Egito. A aranha ficou feliz porque viu que seu trabalho foi útil.

E até hoje muita gente acredita que ter uma teia, da protetora do menino Deus, em casa traz felicidade.

Adaptação de Augusto Pessôa

In: Histórias de Natal

Editora Escrita Fina

CONTO DO SINO DE NATAL

 

No início era uma fazenda grande com vários empregados. Mas o fazendeiro meteu os pés pelas mãos e o negócio desandou. A fazenda faliu. O homem ainda botou fogo na casa grande e na casa dos trabalhadores. Muitos foram embora, mas alguns resolveram ficar e trabalhar. Montaram um acampamento.

A princípio foi difícil, mas com muito trabalho eles conseguiram. Foram aos poucos abandonando as barracas e construindo pequenas casas. Logo se formou uma vila, depois um povoado que, com o tempo, se transformou numa pequena cidade. Bem pequena mesmo. Mas tinha de tudo: as casinhas, uma praça, uma venda, até uma farmácia. Só não tinha igreja. Com muito esforço os moradores se reuniram e construíram uma capelinha. Ficou linda. Era branca, com o telhado vermelho e uma torre. Mas ainda faltava uma coisa: um sino! Um sino para colocar no alto da torre!

Todo Natal, os moradores se reuniam na praça para fazer uma grande festa. Era uma beleza! Apesar disso, a festa não ficava completa porque faltava um sino para anunciar o nascimento do Deus Menino.

Os moradores se reuniram novamente e juntaram dinheiro para comprar, lá na capital, um sino para a capela.

Na porta de casa, Sia Balbina e a sua filha Maria, que era ainda bem pequena, conversavam com a Das Dores.

 

- E quem é que foi comprar o sino na capital, Das Dores? - quis saber a Sia Balbina que era uma das moradoras mais antigas do lugar.

- Foi o Zé Mamulé! Saiu ontem de manhã cedo! Diz que vai chegar aqui com o sino antes da véspera de Natal!

 

Sia Balbina deu uma risada:

 

- O Zé Mamulé com aquela carroça caindo aos pedaços?! Xiiii... Esse sino só chega aqui no Natal do ano que vem!

 

 A pequena Maria prestava atenção e ficou preocupada:

 

- Mamãe, não vai ter sino de novo esse ano?

 

Sia Balbina deu um sorriso gostoso:

 

- Calma, minha filha, o que tiver de ser... será! O sino vai chegar! E, se ele não chegar, a gente vai comemorar o Natal do mesmo jeito!

 

Mas a Das Dores ainda deixou a menina preocupada:

 

- Mas que vai ser difícil chegar com aquela carroça... vai, né?

 

A das Dores tinha razão: voltando com o sino lá vinha o Zé Mamulé pela estrada. O cavalo pangaré suando com o esforço, a carroça quase arrebentando com o peso do sino e a estrada que era buraco só. Estava realmente difícil. Mas o Mamulé não desistia. Na estrada ele ia tocando o cavalo do jeito que dava.

Chegou à véspera do Natal e nada do Zé Mamulé e do sino. Mesmo assim, a festa foi sendo armada na praça como todos os anos: uma mesa comprida para a ceia, as velas e os enfeites espalhados por todos os lados. No meio da praça, uma grande árvore, toda enfeitada, que de noite receberia os presentes para alegria da criançada. Na hora marcada estava todo mundo lá com suas roupas de festa. A mesa cheia de coisas gostosas, a árvore cheia de presentes, todo mundo feliz comemorando o nascimento do Salvador. Só não tinha o sino.

Na estrada, o Zé Mamulé ainda lutava para conseguir chegar na hora. Mas era muito buraco, muita pedra e... a carroça não aguentou: partiu em dois! O pobre do Zé ainda tentou colocar o sino nas costas, mas era muito peso e ele não conseguiu. Tentou fazer com que o cavalo puxasse o sino, mas era realmente muito pesado. Sem saber o que fazer, o Mamulé montou no animal e correu para a cidade.

Na festa o pessoal todo estava ansioso com a chegada do sino. Todos tinham fé que o sino chegaria no tempo certo.

 

- Se não der pra colocar na capela, não tem problema! A gente bate nele com um martelo e anuncia o nascimento do Deus Menino do mesmo jeito!

 

Faltava pouco para a meia noite, mas ninguém perdia a esperança. Até que o Zé Mamulé e o seu cavalo, num galope forte, entraram na praça. Todo mundo ficou espantado e a Sia Balbina se adiantou:

 

- Cadê o sino, Zé Mamulé?

 

O pobre homem bufava mais do que o cavalo.

 

- Ah... Sia Balbina... a carroça não aguentou! O sino tá lá no meio da estrada! Mas se a gente correr ainda pega pra amanhã ou talvez pra depois! O sino é muito pesado...

 

A tristeza foi geral. Sia Balbina olhou para a filha Maria. A pequena menina tinha nos olhos toda a decepção do mundo. Era de cortar o coração. Mas Sia Balbina não se deu por vencida. Ela respirou fundo e disse bem alto para todo mundo ouvir:

 

- Não há de ser nada, minha gente! Não há de ser nada! A gente vai passar mais um Natal sem o nosso sino, mas não vai deixar de agradecer a nosso Senhor por tudo de bom que ele fez para todos aqui! A festa vai acontecer, mas antes vamos fazer uma oração para agradecer o nascimento do Deus Menino!

 

Uma grande roda se formou na praça e todos, de mãos dadas, começaram uma bonita oração de agradecimento. Um momento de pura emoção. Nessa hora exata deu meia-noite e todo mundo começou a ouvir um som bonito:

 

BLÉIM! BLÉIM!

 

O silêncio tomou conta de tudo. Só se ouvia aquele som:

 

BLÉIM! BLÉIM!

 

E de repente todos viram uma coisa magnífica. Os olhos mostravam, mas era difícil de acreditar: voando pelo céu, carregado por anjos celestes, lá vinha o sino tocando. Era lindo, dourado e fazia um som maravilhoso anunciado o nascimento do Salvador. Os próprios anjos penduraram o sino no alto da torre da capela e colocaram uma corda comprida que ia até o chão. O Zé Mamulé foi até a corda e puxou fazendo o sino tocar ainda mais. Os anjos deram um voo sobre toda a praça e sumiram no céu. O Mamulé continuava a puxar a corda. Todo mundo começou a bater palmas e dar vivas. O Natal estava completo.

O tempo passou e a cidade cresceu.

Maria, a caçula de Sia Balbina, já é bisavó. O Natal ainda é comemorado no meio da praça, mas não do mesmo jeito. Muitas famílias fazem suas festas em casa. Mas o sino continua lá. No alto da torre da capela. E no Natal, ele sempre toca saudando o nascimento do Deus Menino e lembrando uma bela história.

 

BLÉIM! BLÉIM!

 

 

Adaptação de Augusto Pessôa

In: Histórias de Natal - Editora Escrita Fina

LENDA DA MEIA DE NATAL

 

Um homem muito rico perdeu sua amada esposa que morreu depois de muito sofrer. Ele e suas três filhas ficaram desesperados. O coitado do viúvo ficou tão triste que não tinha mais forças para nada. Não trabalhava, nem cuidava de seus negócios e de suas propriedades. Logo perdeu quase tudo, ficando numa miséria de dar pena. Restou apenas, para a família, uma pequena casa de campo onde o pai e as filhas foram morar. As moças faziam todo o trabalho da casa sem reclamar.

Vendo que as filhas trabalhavam contentes, apesar de toda aquela tristeza, o viúvo ficou mais animado e começou a trabalhar como lenhador. Mas o dinheiro que conseguia era muito pouco. Ele se preocupava com isso. As filhas já estavam na idade de casar. E elas precisariam de um dote, para oferecer as famílias de seus noivos, como era costume na época. E o viúvo não conseguia juntar nenhum tostão para o dote de suas meninas.

Chegou o Natal! Ele não tinha dinheiro para comprar presentes para as filhas, mas conseguiu fazer uma pequena ceia para comemorar a data. A festa, apesar de simples, foi muito bonita.

Quando todos se preparavam para dormir, o viúvo viu a caçula de suas filhas pendurando meias na lareira que estava acessa, pois fazia muito frio. Ele achou aquilo curioso e perguntou:

 

- O que você está fazendo, minha filha?

 

E a mais nova respondeu:

 

- Estou botando pra secar, meu pai! Lavei essas meias agora a noite, mas está chovendo e se elas ficarem lá fora não vão secar para amanhã! Quem sabe eu não estou até inventando uma coisa nova?

 

Pai e filha acharam muita graça e, depois que a moça pendurou todas as meias, foram dormir.

Na madrugada daquela noite, quando tudo era silêncio na casa, Papai Noel apareceu para deixar presentes para a família. Ele sabia do desespero do pobre viúvo que queria conseguir dinheiro para os dotes de suas filhas. O bom velhinho olhou pela janela e viu que a família toda dormia a sono solto. Com todo cuidado, entrou pela chaminé da casa e chegou até a sala. Ele queria dar três sacos de ouro para as filhas do viúvo, mas não sabia aonde colocar os presentes. Procurou, sem sucesso, o lugar certo para colocar os saquinhos. Ele achava que tinha que ser um lugar especial. Que chamasse a atenção da família. Até que reparou naquelas meias penduradas na lareira. Primeiro achou graça, depois viu que ali seria o lugar ideal para colocar os sacos de ouro e assim fez. Nas meias mais coloridas Papai Noel colocou os três saquinhos e foi embora.

No dia seguinte, a família acordou bem cedo como de costume. A caçula foi ver se as meias já estavam secas e teve uma surpresa! Encontrou os saquinhos de ouro! Foi aquela festa! O viúvo ficou feliz. Finalmente teria o dinheiro para oferecer como dote a família dos futuros noivos de suas filhas.

O tempo passou e as filhas do viúvo conheceram, cada uma no seu tempo, três rapazes com quem casaram e constituíram lindas famílias. O viúvo pode viver uma vida longa e feliz. Suas filhas criaram o costume de pendurar as meias na lareira e até hoje crianças de todo mundo continuam essa tradição na noite de Natal.

 

 

Conto popular alemão

Adaptação de Augusto Pessôa

In: Histórias de Natal - Editora Escrita Fina

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