FADAS
E PRINCESAS

A FILHA DO PESCADOR
Há muito tempo atrás, num reino distante, um pescador fazia sua pescaria diária, quando encontrou no fundo do mar uma jóia. Um anel de ouro cravejado de diamantes raros.
- Uma joia digna de um Rei!
Falou o pescador. E resolveu dar a belíssima joia de presente ao jovem monarca de seu reino. Voltou para casa, mostrou a joia a filha e contou o que faria. A moça se chamava Maria. Era muito linda, tão linda quanto inteligente, e desaconselhou o pai. Disse que era melhor ele não fazer isso. Mas o pescador estava decidido. Envolveu a joia num pedaço de veludo e foi para o castelo. Entrou no enorme palácio, foi a sala do trono e depositou o presente, humildemente, aos pés do jovem Rei. O monarca ficou satisfeito com a joia, mas disse:
- Agradeço o seu presente. Mas quero ver se realmente é fiel ao seu Rei. Tem família?
- Sou viúvo. - respondeu o pescador - E tenho apenas uma filha.
- Pois então, quero ver sua filha. Mas não quero que ela venha nem nua, nem vestida. Nem a pé, nem a cavalo. Nem de noite, nem de dia. Se isso não acontecer, somente a morte lhe caberá!
O pescador saiu do palácio decepcionado e já se preparando para morrer. Chegou em casa e contou o que acontecera à filha. Maria pensou um pouco. Depois, pediu ao pai que saísse e arrumasse um grande punhado de algodão e um carneiro enorme. O maior que ele pudesse encontrar. O pescador saiu e voltou com os desejos da filha. Então, Maria esperou que o dia se fizesse noite. Quando a noite já ia terminando e o sol começava a sangrar o céu, mas a lua e as estrelas ainda se faziam presentes, a jovem Maria tirou sua roupa. Depois se envolveu no algodão, montou no carneiro e foi para o palácio. Ao chegar no enorme palácio, chamou o Rei:
- Estou aqui, senhor meu Rei, a filha do pescador. Envolta em algodão: nem nua, nem vestida. Montada neste carneiro: nem a pé, nem a cavalo. Tendo o sol e a lua presentes no céu: nem de dia, nem de noite.
O Rei ficou impressionado com a inteligência da moça e resolveu dar uma festa em sua homenagem. E ainda disse:
- Vai escolher entre os objetos do palácio aquilo que mais desejar. O objeto do seu desejo será seu para sempre.
Maria foi mandada para um quarto que tinha sido designado para ela. Deram-lhe um belíssimo traje, digno da mais rica das princesas. Vestida como uma soberana, a jovem chamou um criado e pediu para que ele fizesse uma bebida com planta dormideira.
À noite, na hora da festa, Maria apareceu e encantou a todos os convidados. Principalmente, o jovem Rei. Quando a festa ia pela metade, delicadamente, Maria ofereceu ao Rei a bebida que tinha sido preparado pelo criado. A bebida com planta dormideira. O jovem Rei, muito afobado, tomou tudo de um só gole e logo adormeceu. Maria chamou os criados e pediu que colocassem o Rei numa a carruagem. Os criados assim fizeram. E ela partiu com o Rei para sua casa. Chegando lá, a jovem colocou o Monarca em seu quarto. Em cima da cama. Quando o jovem Rei despertou, ficou assustado e perguntou o que significava aquilo. E Maria respondeu:
- O senhor meu Rei me disse que eu poderia escolher o objeto que mais desejasse e que isso seria meu para sempre. Você é o objeto do meu desejo!
O Rei, que já estava encantado, ficou completamente apaixonado. Casaram-se e foram muito felizes... Felizes como Deus com os anjos.... Felizes para sempre!
Adaptação de Augusto Pessôa
In FELIZES PARA SEMPRE
Editora ROCCO
A PRINCESA E A ERVILHA
Era uma vez um príncipe que queria casar com uma princesa. Só que o rapaz queria uma princesa especial. Uma moça delicada e sensível. O príncipe foi viajar pelo mundo a fora para encontrar uma jovem especial. Só que ele não encontrava. Por mais que procurasse ele sempre achava qualquer coisa que não estava certa.
Cansado de procurar, ele regressou para seu castelo, muito abatido. A rainha sua mãe não sabia como ajudar e o príncipe ficou a suspirar pelo castelo.
Uma noite, houve uma terrível tempestade. Os trovões faziam um barulho assustador, os raios rasgavam o céu e a chuva caía com força. No meio disso tudo, uma princesa bateu na porta do castelo. Ela estava toda molhada e suja. No entanto, a jovem afirmou que era uma princesa de verdade.
— Bem, já vamos ver isso — pensou a velha rainha.
Ela teve uma ideia, mas não disse uma palavra. Foi ao quarto de hóspedes, desmanchou a cama toda e pôs uma pequena ervilha no colchão. Depois mandou os criados empilharam mais vinte colchões e vinte cobertores por cima. A princesa molhada iria dormir nessa cama.
De manhã bem cedo, a rainha perguntou:
— Então, bela jovem, dormiu bem?
A moça respondeu:
— Não consegui! Não preguei olho em toda a noite! Só Deus sabe o que tinha naquela cama! Senti uma coisa dura que me encheu de dores nas costas! Foi horrível!
E a rainha quis saber mais:
— Mas o que poderia ser isso?
E a bela jovem:
— Com certeza uma ervilha pequena, mas dura como um rochedo. Minhas costas estão doendo até agora.
Então a rainha teve a certeza de ter encontrado uma princesa verdadeira. Sensível e delicada. Só com muita sensibilidade alguém poderia ter sentido a ervilha através de vinte cobertores e vinte colchões. Só uma princesa verdadeira podia ser tão sensível. Então o príncipe foi apresentado a essa bela e delicada jovem. E o rapaz percebeu que não precisava procurar mais. Eles casaram e viveram felizes.
E acabou a história!
Adaptação de Augusto Pessôa
AS FADAS
Era uma vez uma mulher que tinha duas filhas. A mais velha era invejosa, preguiçosa e mal educada. Já a mais nova era um doce de pessoa. Generosa e educada.
Um dia, a mulher pediu para as filhas pegarem água no poço. A mais velha não quis ir, mas a caçula pegou um balde e foi para o poço. Lá encontrou uma velha mendiga. A mocinha já ia pegar água quando a velha senhora pediu num sussurro:
— Por favor, me dê um pouco de água...
A menina deu água para a velha que ficou muito agradecida e falou:
— Muito obrigado, minha filha. Você merece um presente.
A velha moveu as mãos num gesto mágico. Aparentemente nada aconteceu. A menina já ia dizer que não precisava de nenhum presente, quando abriu a boca e de lá saltaram flores e pedras preciosas. Uma coisa que dava gosto de ver. A mocinha agradeceu muito e foi embora para casa com o balde cheio de água. A velha ficou olhando a menina partir e se transformou numa linda mulher vestida com as mais caras sedas.
Quando a menina chegou em casa, foi falar o que tinha acontecido e de sua boca saltaram mais flores e pedras preciosas. Uma coisa linda. A mãe ficou espantada e a irmã mais velha com muita inveja perguntou:
— Como você conseguiu isso?
E a caçula contou da velha, da água e de tudo mais. Sem perder tempo a mais velha pegou um balde e correu para o poço. Ao chegar lá deu com aquela mulher belíssima. A menina invejosa já ia pegar a água quando a bela mulher pediu com voz firme:
— Por favor, me dê um pouco de água!
A invejosa olhou para mulher com desdém e falou:
— Não tem mão, não? Pega água você! Hum... Tenho mais o que fazer!
A bela mulher não gostou nada e falou assim:
— Muito obrigado por nada, minha filha. Mesmo assim você merece um presente.
A bela mulher moveu as mãos num gesto mágico. Aparentemente nada aconteceu. A menina invejosa já ia dizer que não estava vendo presente nenhum, quando abriu a boca e de lá saltaram cobras, lagartos e sapos. Uma coisa que dava nojo de ver. A invejosa saiu correndo para casa. Quando chegou, a mãe e a irmã caçula ficaram com pena. E a invejosa passou uma semana cuspindo coisas horríveis.
E acabou a história!
ADAPTAÇÃO DE AUGUSTO PESSÔA
O GATO DE BOTAS
Um moleiro tinha três filhos. Era pobre, mas, quando morreu, deixou herança: o mais velho ficou com o moinho, o filho do meio com um burro e o caçula com um gato. Os mais velhos ficaram felizes com suas heranças e foram cuidar de suas vidas. Mas o mais novo sentou no chão e começou a chorar. O gato, vendo o desespero do rapaz, falou:
— Não se preocupe. Arrume para mim uma capa, um chapéu com plumas e um par de botas novas. Do resto eu cuido. Vou fazer de você um homem rico e importante.
O rapaz secou as lágrimas e obedeceu.
No dia seguinte, o gato calçou as botas, correu para o castelo real e ofereceu um coelho ao monarca. Dizendo que era presente do seu amo – o Marquês de Carabás!
E durante sete dias seguidos, o gato levou ao Rei novos presentes. No castelo estavam todos cheios de curiosidade de saber quem era esse Marquês tão generoso. Até que a Rainha disse ao gato que queria conhecer o seu patrão. E o gato respondeu:
— O Marquês de Carabás terá muita honra em receber nobres figuras!
O dono do gato ficou preocupado e o felino respondeu:
— Não se preocupe. Amanhã você vai cair no rio e fingir que está se afogando.
O gato sabia que o Rei e a Rainha passeavam na sua carruagem perto do rio. Esperto como era, atirou o jovem patrão na água e gritou:
— Socorro! Socorro! O meu patrão está se afogando!
O Rei ordenou que os criados salvassem o Marquês. Depois deu para ele roupas secas e luxuosas e disse ao rapaz que queria visitar o seu castelo. O moço ficou com medo, mas o gato não perdeu tempo. Foi até o castelo do ogro, entrou e foi logo perguntando:
— É verdade que você perdeu seus poderes, senhor Ogro? Dizem que você só consegue se transformar em animais grandes, mas em pequenos não consegue!
O ogro ofendido respondeu:
— Vai conhecer o meu poder, gato abusado!
O ogro transformou-se num ratinho e o gato o engoliu de uma só vez. O felino chamou seu patrão e os dois passaram a morar no palácio.
Depois o gato convidou o Rei e a Rainha para visitar o castelo do seu patrão. Os monarcas aceitaram e levaram também a princesa que era bonita que dava gosto de ver. O filho do moleiro e a bela jovem se apaixonaram e se casaram.
E todos viveram felizes para sempre graças ao gato das botas.
ADAPTAÇÃO DE AUGUSTO PESSÔA
JOÃO PREGUIÇA
Um rapaz chamado João morava com sua mãe numa casa caindo aos pedaços. O rapaz era muito preguiçoso. Ele não fazia nada e só ficava deitado o dia inteiro. Um dia, a pobre mulher se cansou e brigou com o filho:
— Você tem que trabalhar! Vai já arrumar um emprego!
João obedeceu e foi cuidar das vacas de um fazendeiro. O patrão ficou satisfeito e pagou com uma jarra de leite. O rapaz colocou a jarra no bolso e foi para casa. No caminho, o leite derramou todo. A mãe não gostou e reclamou:
— Devia ter carregado na cabeça!
No dia seguinte, João foi trabalhar para um padeiro. O homem ficou satisfeito e deu um gato como pagamento. Lembrando das palavras da mãe, o rapaz pegou o bichano e colocou na cabeça. Mas o gato arranhou toda sua cara e fugiu. A mãe, quando soube, ficou brava, mas tentou dar um conselho:
— Devia ter amarrado com uma cordinha para poder puxar até em casa!
Pela manhã, o rapaz foi oferecer seu serviço a um açougueiro. O dono do açougue ficou satisfeito e pagou com um pernil. João amarrou um barbante no pernil e o arrastou pela estrada. Quando chegou em casa, o pernil estava estragado. A mãe perdeu a pouca paciência que tinha e gritou:
— Devia ter carregado nas costas!
Pensando nisso, no dia seguinte, ele foi trabalhar para um ferreiro. No final do dia, o rapaz ganhou um burro como pagamento. João não teve dúvida e colocou o animal nas costas. E foi andando com dificuldade, para casa, bufando e suando com tanto peso.
Nessa dificuldade, ele passou perto do castelo do rei. Passou justamente pela janela onde estava a princesa. Essa jovem não ria de nada. Não achava graça em coisa nenhuma. Vivia triste e suspirando. O rei, seu pai, baixou até um decreto:
“Quem fizer rir a princesa ganhará sua mão em casamento!”
Mas ninguém conseguia.
A bela princesa estava na janela e viu João carregando o burro nas costas. A jovem deu uma gargalhada tão grande que espantou a todos no palácio.
A princesa casou com João. A bela jovem ficou feliz de casar com alguém que a fazia rir. E o João viveu tranquilo por toda sua vida.
ADAPTAÇÃO DE AUGUSTO PESSÔA
O QUE A MULHER REALMENTE QUER?
Um jovem rei foi caçar em uma floresta proibida e a punição era a morte. Mas o monarca do reino vizinho, que era bem mais velho, ofereceu liberdade se o outro conseguisse encontrar a resposta para essa pergunta:
— O que a mulher realmente quer?
Uma pergunta difícil até para o mais sábio dos homens. O velho rei deu o prazo de um ano para receber a resposta. Se estivesse certa, o jovem seria poupado. Mas a resposta errada, levaria a execução da pena.
O jovem rei voltou para o seu reino e começou a perguntar para todos que encontrava, mas ninguém dava uma resposta convincente. Mas todos diziam que uma pessoa sabia a resposta: a velha bruxa da floresta. Mas o preço seria, com certeza, muito alto. Um preço que arruinaria qualquer um.
Chegou o último dia do ano, e o jovem rei foi consultar a velha bruxa. Ela ouviu a pergunta e concordou em dar a resposta, mas antes precisava discutir o pagamento:
— Quero me casar com seu amigo que é o mais nobre cavaleiro do reino!
O jovem rei ficou espantado. A velha bruxa era feia e tinha um cheiro medonho. O rei não aceitou. Mas o amigo, quando ficou sabendo do problema, se ofereceu para casar. Não queria, de jeito nenhum, ver seu amigo rei morrer. O casamento foi anunciado e a velha bruxa deu a resposta:
— O que a mulher realmente quer? Quer respeito e soberania sobre sua própria vida.
Era a resposta certa. O jovem rei estava salvo.
Mas o casamento tinha que acontecer. Toda a corte estava lá. O cavaleiro real foi gentil e respeitoso com sua noiva o tempo todo. Mas a velha bruxa mostrou seus piores modos. Uma coisa horrível. Mesmo assim, o casamento se realizou. Uma tristeza.
Mas, na noite de núpcias, ela apareceu como a mais adorável donzela. O noivo ficou espantado e perguntou o que tinha acontecido. E a bela jovem respondeu:
— Você foi gentil e respeitoso comigo. Por isso, serei jovem metade do dia e uma bruxa na outra metade. Qual você prefere de dia e qual prefere de noite?
O cavaleiro disse que ela é que deveria escolher. A moça deu um sorriso e respondeu:
— Como meu marido me respeitou, e me deu soberania sobre minha própria vida., serei jovem o dia inteiro.
E os dois viveram felizes por muitos anos.
Adaptação de Augusto Pessôa
O SAL
Era uma vez um rei muito vaidoso. Ele adorava ser elogiado e admirado. Um dia, ele perguntou para as suas três filhas como elas gostavam dele. A mais velha falou que gostava mais do pai do que da luz do Sol. A do meio falou que gostava mais do pai do que dela mesma. E veio a mais nova e falou:
— Quero tanto a meu pai, como a comida quer o sal.
O rei estranhou a resposta. Achou que a filha não gostava dele. E expulsou a moça do palácio. A jovem, muito triste, caminhou bastante, até que chegou ao palácio de um jovem rei. Ela se ofereceu para ser cozinheira. Mas já tinha uma cozinheira real no palácio e a moça ficou lavando pratos.
Até que a cozinheira real ficou doente e não podia cozinhar. A jovem se ofereceu para fazer a comida real e assim foi feito. Quando o rei provou a comida da moça ficou encantado e falou:
— Quem fez essa maravilha? Preciso conhecer que mãos mágicas criaram essa delícia!
A moça foi apresentada ao jovem rei que ficou mais encantado por sua beleza. Os dois conversaram bastante. De encantado o rei ficou apaixonado. Sem se conter pediu a moça em casamento. A jovem, que era muito inteligente, também gostou do monarca que, além de bonito, era muito gentil. Mas ela teve uma ideia e falou ao rei:
— Aceito me casar, mas tenho três pedidos para fazer.
O primeiro pedido era que todos os reis deveriam ser convidados para o casamento. O segundo pedido era que ela mesma faria o banquete que aconteceria antes da cerimônia de casamento. E o terceiro pedido é que ela só apareceria na festa no final do banquete. O jovem rei aceitou e assim foi combinado. Para a festa foram convidados todos os reis de outros reinos. Inclusive o rei que era pai da moça. A princesa preparou uma comida especial para cada convidado. Mas, de propósito, não botou sal na comida do rei seu pai.
Durante o jantar, todos comiam. Menos um convidado: o pai da princesa. Por fim o jovem rei, dono do castelo, perguntou porque é que aquele rei não comia. E ele respondeu:
— A comida não tem sal. Não tem sabor!
Nesse momento a princesa veio da cozinha vestida de noiva e explicou:
— Isso é para o senhor entender a minha resposta: minha vida sem o senhor é como comida sem sal. Não tem sabor!
O rei reconheceu a filha e pediu muitas desculpas. Pai e filha fizeram as pazes. A Princesa casou com o jovem rei e eles viveram muito felizes.
Adaptação de Augusto Pessôa
O SAPO ENCANTADO
Era uma vez, um príncipe guerreiro que caçava pela floresta e encontrou uma velha sentada a beira de um riacho. O jovem achou que a velha precisava de ajuda e se aproximou. Mas a mulher olhou para ele e disse de forma estranha:
— Preciso de sua beleza e juventude!
O príncipe não entendeu, mas a velha, que era uma bruxa medonha, fez um gesto mágico. O príncipe se transformou em um sapo e a velha bruxa numa linda e jovem mulher. A bruxa transformada colocou uma pedra em cima do sapo e disse:
— Você agora vai ficar assim! Só vai voltar ao normal se alguém salvar você. E ainda você terá que salvar essa pessoa por uma vez. E isso nunca vai acontecer!
Ela disse isso e saiu gargalhando. O pobre sapo ficou ali esmagado pela pesada pedra.
Passou um tempo, um lavrador, que caminhava por uma estrada, ouviu uns gemidos estranhos. Até que viu, perto de um riacho, o sapo preso. O lavrador ficou com pena e livrou o sapo daquela prisão. O sapo saiu pulando e sumiu no mato.
Passou um tempo.
Uma noite, o lavrador viajava por uma estrada deserta, quando sentiu que um sapo o acompanhava. E o sapo falou:
— Não vai por aí! Cuidado! Vai para o outro lado!
Disse isso sumiu. Mas o lavrador não sabia para onde podia ir. De repente, pularam na frente do homem três bandidos armados até os dentes. Os homens cercaram o lavrador. Não tinha como fugir. Estava nesse desespero, quando surgiu um jovem guerreiro. O jovem investiu contra os ladrões. Foi uma briga tremenda. Logo os bandidos foram dominados e amarrados a uma árvore. O pobre lavrador ajoelhou aos pés do guerreiro e agradeceu por ter sido salvo. Mas o guerreiro disse:
— Eu é que tenho que agradecer. O senhor salvou a minha vida. Sou aquele sapo que o senhor tirou da pedra.
O príncipe guerreiro ficou tão agradecido que levou o lavrador para o seu palácio, um reino muito rico, e deu para ele um alto posto.
E a bruxa?
Bom, quando o príncipe se desencantou ela voltou a ficar velha. Mas voltou com tanta força que explodiu numa nuvem de fumaça.
E acabou a história.
ADAPTAÇÃO DE AUGUSTO PESSÔA
A PRINCESA COBRA
Era um rapaz muito pobre que vivia com dificuldades. Um dia, viu junto da margem de um rio uma cobra que lhe pediu que a passasse para a outra margem. E a cobra disse:
— Não precisa ter medo. Se me ajudar eu farei que você fique rico.
O rapaz pegou no bicho e colocou do outro lado do rio perto de um casarão. A cobra deu ao jovem um relógio mágico e disse:
— Ele vai dar tudo que você quiser! Mas não empreste, nem venda o relógio!
A cobra disse isso e entrou no casarão. E o rapaz foi para sua casa.
No dia seguinte levantou tarde. Ele não precisava mais trabalhar. Tudo que queria o relógio dava. Até que o rapaz conheceu uma moça que pediu o relógio emprestado e o jovem emprestou. A moça, na verdade, era uma bruxa. Ela se transformou numa horrível velha e fugiu com o relógio.
O rapaz ficou desesperado, voltou ao rio e procurou a cobra no casarão. Contou tudo que aconteceu e a cobra resolveu ajudar. Ela mandou o jovem ir até a praia. Lá ele encontraria uma casa com muitas janelas. E a cobra disse:
— Debaixo de uma das janelas há um poço sem água. Desça por esse poço. Lá no fundo vai aparecer um batalhão de ratos comandados por um capitão. Não tenha medo. Peça ao capitão que mande os seus ratos buscarem o relógio na casa da bruxa. Um rato coxo é que vai conseguir pegar o relógio. Entendeu?
O rapaz entendeu. Tudo aconteceu como a cobra disse. O rapaz chegou ao porto, viu a casa e o poço. Encontrou o exército de ratos e seu capitão. Daí a pouco apareceu o coxo. O jovem pediu que pegassem o relógio e o exército partiu. O rato coxo pegou o relógio e a bruxa ficou xingando de raiva.
Logo que o rapaz se viu com o relógio, pediu uma roupa nova e um bonito cavalo. O jovem se vestiu e ficou parecendo um príncipe de tão bonito. E voltou para o casarão. Ao chegar lá, ele encontrou, em vez do casarão, um lindo palácio. Uma princesa apareceu. Era linda como os amores. A bela jovem disse:
— Eu sou a cobra que você ajudou. Aquela bruxa me enfeitiçou. Mas quando você pegou o relógio de volta, quebrou o encanto. Muito obrigada.
O jovem ficou encantado com a beleza daquela mulher. Eles namoraram, casaram e foram felizes para sempre.
Adaptação de Augusto Pessôa