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PERSONAGENS:

Duas palhaças: PERERINHA e PALHOÇA

Sobreviventes de um velho circo do interior.

 

Cenário:

O palco começa vazio. Iniciada a cena as palhaças montam o circo. Deve ser um circo mambembe de interior. Bem característico: sem cobertura e com as lonas em volta remendadas. Numa placa está escrito o nome do circo:

GRAN CIRCO POPULAR ALEGRIA.

 

Cena:

Entram em cena as palhaças Palhoça e Pererinha (podem entrar pela platéia). As duas estão vestidas como palhaças de um velho circo que percorre o interior do país e carregam objetos (baús ou caixas coloridas ) que parecem pesados. Entram cantando uma chegança e fazendo barulho.

 

MÚSICA: CHEGOU O CIRCO

 

                        Pé-ré-pé-pé! Pé-ré-pé-pou!

                        Pé-ré-pé-pé! Pé-ré-pé-pou!

                        Dessa estrada eu venho!

                        Nessa estrada eu vou!

                        É o circo que chegou!

                       

                        Pé-ré-pé-pé! Pé-ré-pé-pou!

                        Pé-ré-pé-pé! Pé-ré-pé-pou!

                        Nesse lugar eu paro

                        A viagem terminou!

                        Olha o circo que chegou!

                       

                        Pé-ré-pé-pé! Pé-ré-pé-pou!

                        Pé-ré-pé-pé! Pé-ré-pé-pou!

                        Dessa estrada eu venho!

                        Nessa estrada eu vou!

                        É o circo que chegou!

                       

 

PERERINHA: Anda, logo... vamos... já tá chegando...

PALHOÇA: Aí! Que isso tá pesado! Bota pesado nisso!

 

(ELAS COLOCAM O BAÚ OU CAIXAS NO MEIO DO PALCO. UM MÚSICO SE POSICIONA NUM CANTO DO PALCO E ARRUMA OS SEUS OBJETOS)

 

PERERINHA: Ufa! Pronto! Chegamos! E agora?

PALHOÇA: Agora temos que procurar!

PERERINHA: (A PARTE) Procurar? Procurar o quê?

 

(PALHOÇA COMEÇA A PROCURAR ALGUMA COISA NA PLATÉIA. PERERINHA SENTA NO BAÚ)

 

PERERINHA: (COMO SE ESTIVESSE CANSADA) E aí? Achou?

PALHOÇA: (PROCURANDO) Não! Tá difícil! Nem sombra!

PERERINHA: Procura direito que você acaba achando!

PALHOÇA: Mas tá muito difícil... Tá quase impossível... Eu acho que a gente não vai achar, não! Tá complicado!

PERERINHA: Mas vem cá... o que você tá procurando mesmo?

PALHOÇA: Você não sabe?

PERERINHA: Se eu soubesse não perguntava, né?

PALHOÇA: Imagina! Ela não sabe! Todo mundo sabe menos ela...

PERERINHA: Então se você é tão espertinha... tão sabichona! O que é que você tá procurando?

PALHOÇA: Ora bolas, o quê... o público, né??

PERERINHA: Ah... o público... O quê?! Mas você é uma bobalhona mesmo! Você não tá vendo o público aí?

PALHOÇA: (REPARANDO) Olha! Mas não é que é verdade! O público bem aqui na minha frente! (SEM GRAÇA) E que tem tanto tempo que eu não vejo o público... Eu nem lembrava mais como é!

PERERINHA: Vem aqui logo! Anda!

PALHOÇA: (P/ O PUBLICO) Vocês desculpem a gente, tá? É que a gente não tá acostumado a ter público... A gente tá mais acostumado a NÃO ter público...

PERERINHA: É que o nosso circo é muito simples...

PALHOÇA: É tão simples que só tem nós duas!

PERERINHA: (INTERROMPENDO) Chega de falação! Então... se tem público... e sinal que vai ter função! Vamos montar o circo, minha gente?

JUNTAS: Vamos!

PALHOÇA: (P/ O PÚBLICO) Vocês esperem só um minuto que a gente já arma nosso circo... É um minuto só... não sai daí, hein!

PERERINHA: Anda logo que hoje tem função!

 

(O MÚSICO COMEÇA A TOCAR. PERERINHA E PALHOÇA LEVANTAM O CIRCO ENQUANTO CANTAM) 

 

MÚSICA : GRAN CIRCO POPULAR ALEGRIA

 

JUNTAS:      Aqui começa a função do GRAN CIRCO POPULAR

                     Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

                     Aqui começa a função do GRAN CIRCO POPULAR

                    Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

 

PALHOÇA:   Esse nosso cirquinho é um pouco diferente.

                      Não tem lá muito luxo, mas é muito do decente!

                      Vivemos de lá pra cá, igual estrela cadente,

                      Levando nossa folia pra alegria dessa gente!

JUNTAS:      Aqui começa a função do GRAN CIRCO POPULAR

                    Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

                    Aqui começa a função do GRAN CIRCO POPULAR

                    Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

PERERINHA:   Pedimos mais um instante da vossa paciência!

                          Pra levantar nosso circo é preciso malemolência!

                          Mas prometemos a todos que tem inteligência!

                          Um espetáculo bonito e de grande sapiência!

JUNTAS:      Aqui começa a função do GRAN CIRCO POPULAR

                     Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

                     Aqui começa a função do GRAN CIRCO POPULAR

                     Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

PALHOÇA:     Com coração aberto nós vamos apresentar

                        O show mais maravilhoso... O mais espetacular!

                        Vai ter muita alegria! Vamos todos sonhar!

                        O nosso grande espetáculo enfim já vai começar!

JUNTAS:      Aqui começa a função do GRAN CIRCO POPULAR

                     Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

                     Aqui começa a função do GRAN CIRCO POPULAR

                     Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

(A MÚSICA PÁRA. O CIRCO ESTÁ ARMADO. PERERINHA TOCA UM INSTRUMENTO FAZENDO MUITO BARULHO (UM INSTRUMENTO DE SUCATA) – DEPOIS COMEÇA A FUNÇÃO)

PERERINHA: (ANUNCIANDO) Senhoras e senhores! Meninos e meninas! Respeitável público! Venham todos que já vai começar o espetáculo! Venham! Venham! Venham todos! Venham para o GRANDE ESPETÁCULO!

PALHOÇA: (INTERROMPENDO) Pára! Já tá tudo mundo aí! Vai fazer o pessoal esperar mais ainda, é?

PERERINHA: Ah... é verdade... já estão todos aí!! (ANUNCIANDO) Senhoras e senhores! Meninos e meninas! Vai começar o espetáculo! E é com muito orgulho que...

JUNTAS: O GRAN CIRCO POPULAR ALEGRIA!

PERERINHA: Com a palhaça Pererinha! (FAZ UMA REVERÊNCIA)

PALHOÇA: E a palhaça Palhoça! (FAZ UMA REVERÊNCIA)

PERERINHA: Nós duas, juntos, temos a honra de apresentar...

PALHOÇA: (P/ PERERINHA) O que a gente vai apresentar hoje, Pererinha?

PERERINHA: (FAZ UMA CARETA P/ A OUTRA E CONTINUA A ANUNCIAR MUITO EMPOLGADA) Bom... Teríamos Zandor: O maior mágico das Américas! Teríamos Priscila – a graciosa trapezista! Teríamos também Ursus – o homem mais forte do mundo!

PALHOÇA: (P/ A PLATÉIA) Teríamos! Porque eles foram todos embora e só sobrou a gente!

PERERINHA: E você tem que ficar falando isso, Palhoça?

PALHOÇA: Mas é verdade, Pererinha! Foram todos embora! Uns foram para circos maiores, outros foram fazer outra coisa da vida. Teve uma que foi até para a televisão, não é?

PERERINHA: (SUSPIRA) É mesmo!

JUNTAS: (SUSPIRAM JUNTOS) Ai, ai... Que tristeza!

PERERINHA: É! Eles foram embora por que quiseram, mas a gente ficou! (VOLTA O TOM DE APRESENTADORA) Isso não importa mais! Ficamos nós duas e vamos apresentar o espetáculo!

PALHOÇA: É isso mesmo, Pererinha! O espetáculo não pode parar!

PERERINHA: (TOM DE APRESENTADORA) E temos uma grande apresentação! O Gran Circo Popular Alegria tem o prazer de apresentar hoje o seu TEATRO DRAMA! Um drama espetacular em 5 atos corridos...

PALHOÇA: (INTERROMPENDO) Peraí! Em cinco atos? Mas não é muita coisa? O povo vai ficar cansado!

PERERINHA: (FAZ CARA FEIA E CONTINUA) O drama espetacular em 2 atos corridos!

PALHOÇA: Dois ainda é muito! Faz em um ato só!

PERERINHA: (ZANGADO) O drama espetacular em um ato corrido! (P/ A OUTRA) Tá bom assim pra você?

PALHOÇA: Não! Tem que ser drama? Não pode ser uma comédia?

PERERINHA: Palhoça, você apresenta então!

PALHOÇA: (ANUNCIANDO) Pois então pode deixar comigo! Vamos apresentar a maravilhosa comédia em um ato corrido: O PINTO PELADO!

PERERINHA: Uma história ES-PE-TA-CU-LAR!

PALHOÇA: Uma história engraçada...

PERERINHA: É uma comedia, mas tem de tudo: tem drama, correria e confusão!

PALHOÇA: Uma história que alegra o coração!

 

(ENQUANTO PERERINHA FALA TIRA OS ADEREÇOS DE PALHAÇO, PALHOÇA TAMBÉM TIRA OS SEUS ADEREÇOS E AS DUAS FICAM COM UMA ROUPA BASE. PALHOÇA COLOCA UM ADEREÇO NA CABEÇA E PEGA UM ESPANADOR. ENTREGA PARA PEREIRINHA UM ADEREÇO E UM ESPANADOR).

 

PERERINHA: Essa história aconteceu num tempo já esquecido... Um tempo de há muito tempo! Tanto tempo que o povo já esqueceu. Pois nesse tempo, os bichos falavam. Falavam assim, que nem eu e você. Falavam pra valer. Tinha bicho que falava todo sério com a voz grossa. E outros mais engraçados com a voz fininha. Tinha bicho malandro que falava todo gingado. E bicho metido falando difícil e com nariz empinado. Falavam entre eles e com os homens.  Pois nessa época de tanta falação havia um galinheiro. Era um galinheiro como os outros: com galos, galinhas e muitas frangas. As frangas viviam com vontade de casar. Assanhadas que só elas. E nesse galinheiro todo dia era dia de festa!

(O MÚSICO TOCA UM INSTRUMENTO. TODOS CANTAM E DANÇAM USANDO OS ESPANADORES)

 

MÚSICA: FESTA NO GALINHEIRO!

JUNTOS:      Cocoró! Cocoricó! Cocoró! Cocoricó!

                     O galo já cantou pra festa começar

                     Cocoró! Cocoricó! Cocoró! Cocoricó!

                     É hora da folia! Vamos lá bailar!

                       

                        Cocoró! Cocoricó! Cocoró! Cocoricó!

                        Todo mundo nessa dança! Todos cheios de alegria!

                        Não tem hora essa festança! Vai até raiar o dia!

                        E vamos lá...

PALHOÇA:     As franguinhas assanhadas

                        Se enfeitavam pra namorar.

                        As galinhas, já passadas,

                        também querem se arranjar.

PERERINHA:   Até o galo velho,

                          Bem desengonçado,

                          Ciscava daqui pra lá...

                           Todo animado!

 

JUNTOS:      Cocoró! Cocoricó! Cocoró! Cocoricó!

                     O galo já cantou pra festa começar!

                     Cocoró! Cocoricó! Cocoró! Cocoricó!

                     É hora da folia! Vamos lá bailar!

                     

                         Cocoró! Cocoricó! Cocoró! Cocoricó!

                        Todo mundo nessa dança! Todos cheios de alegria!

                        Não tem hora essa festança! Vai até raiar o dia!

 

(TERMINADA A MÚSICA. AS PALHAÇAS GUARDAM SEUS ESPANADORES E OS ADEREÇOS DE CABEÇA A NARRAÇÃO CONTINUA)

                       

PERERINHA: Que beleza de festa!

PALHOÇA: Uma maravilha, Pererinha! E era festa todo dia no galinheiro!

PERERINHA: Pois é! E nesse galinheiro nasceu um pinto!

PALHOÇA: E o que tem isso demais, Pererinha? Seria estranho mesmo se nascesse um jacaré!

PERERINHA: Eu sei! Não tem nada de mais, já que era um galinheiro. Mas esse pinto era diferente. Ele não tinha nem uma penugem na cabeça. Era careca, o coitado! Chamavam ele de PINTO PELADO!

 

(DURANTE A FALA PERERINHA PEGA O BONECO DO PINTO PELADO – É UMA ESPECIE DE ALMOFADA/BOLSA)

 

PALHOÇA: Mas esse aí é o Pinto Pelado, Pererinha?

PERERINHA: É! Porque? Não gostou, Palhoça?

PALHOÇA: Coitado, né? Ele não tem nome?

PERERINHA: Não! Todo mundo só chama ele de Pinto Pelado!

PALHOÇA: Ele tá meio estranho, né?

PERERINHA: Você não viu nada, Palhoça! Os galos, as galinhas e principalmente as frangas implicavam muito com ele e cantavam pra ele assim:

 

(PERERINHA COLOCA O BONECO NO CENTRO DO PALCO. O MÚSICO COMEÇA A TOCAR. PERERINHA E PALHOÇA CANTAM).

 

MÚSICA: PINTO PELADO

 

JUNTOS:   Olha o Pinto Pelado do ovo estragado.

                  Olha o Pinto Pelado! Que bicho engraçado.

 

                  É Feio o danado!

                  É desengonçado!

                  Parece abestado!

                  Que pobre coitado!

                  Olha o Pinto Pelado do ovo estragado.

                  Olha o Pinto Pelado! Apanha safado!

(PERERINHA PEGA UM INSTRUMENTO – TAMBOR LATA – E FAZ MUITO BARULHO. PALHOÇA PEGA O BONECO DO PINTO E CORRE DE UM LADO PARA OUTRO COMO SE ESTIVESSE APANHANDO).

PERERINHA: Os bichos do galinheiro batiam muito no Pinto Pelado. E ele já estava cansado de apanhar.

PALHOÇA: E o Pinto Pelado deu um grito: Chega! (CESSA O BARULHO) Ele não tinha cabeça de tambor pra apanhar tanto. Alguém tinha que dar um jeito nisso. E o Pinto Pelado resolveu fazer uma reclamação!

PERERINHA:  Mas vai reclamar com quem?

PALHOÇA: Ele resolveu fazer uma reclamação ao REI!

PERERINHA: Xiiiiii ...

PALHOÇA:  Pois é... O Pinto Pelado estava decidido! Ia fazer uma reclamação ao Rei! Pegou a sua sacola e foi embora do galinheiro. Essas galinhas não podem bater nele assim. Estão pensando o quê? O Rei saberá disso tudo... Opa... Olha aqui...

PERERINHA: Que foi, Palhoça?

(PERERINHA JOGA NO CHÃO UM PAPEL SUJO, AMASSADO E RASBICADO –  PALHOÇA PEGA O PAPEL)

PALHOÇA: Vejam só! Achei a carta ideal para o Pinto Pelado levar ao Rei! Essa vai ser sua carta de reclamação ao Rei!

PERERINHA: (RINDO) Mas isso aí que vai ser a carta ao Rei?

PALHOÇA: Claro! Olha só! (MOSTRA O PAPEL PARA A PLATÉIA).

PERERINHA: Mas não tem nada escrito aí! É só um papel riscado e amassado!

PALHOÇA: Não tem importância! O Pinto Pelado também não sabe ler mesmo!

PERERINHA: E com aquela “carta” na sacola o Pinto Pelado deu adeus ao galinheiro e começou sua viagem ao castelo do Rei!

(A MÚSICA COMEÇA. AS DUAS CANTAM E DANÇAM).

 

MÚSICA: PINTO PELADO

Sou o Pinto Pelado do ovo estragado!

Sou o Pinto Pelado e ando apressado!

Anda, anda, bem andado! Anda, anda apressado.

Anda, anda, bem andado.! Anda, anda apressado.

Sou o Pinto Pelado do ovo estragado!

Sou o Pinto Pelado e estou ficando cansado...

 

(A MÚSICA PARA – PERERINHA SE POSICIONA PARA CONTINUAR A HISTÓRIA. PALHOÇA COLOCA A MÁSCARA DE RAPOSA. PERERINHA PEGA O BONECO DO PINTO)

 

PERERINHA: O Pinto Pelado estava cansado! Já tinha andado muito! Não dava nem mais pra ver o galinheiro! Era só um pontinho bem lá longe! Tinha andado bastante e parou pra descansar um pouco. Foi aí que ele percebeu que estava no meio da floresta! (PERERINHA COLOCA O BONECO NO CANTO ESQUERDO DO PALCO) Ele achou que ali era o lugar ideal para dar uma descansadinha!

 

(PALHOÇA SE TRANSFORMA NA RAPOSA. ELA FICA ANDANDO POR TRÁS DO PINTO COMO SE ESTIVESSE SE ESCONDENDO).

 

PERERINHA: Foi aí que o Pinto Pelado começou a ouvir um barulho esquisito e quis saber quem estava por perto! Foi quando ele ouviu uma voz que chamava:

PALHOÇA / RAPOSA: (CHAMANDO) Pinto! Ô Pinto! Quem é você? Aonde vai tão apressado?

PERERINHA: O Pinto Pelado não sabia de quem era aquela voz! Quem poderia ser?

PALHOÇA / RAPOSA: Você nem imagina quem sou eu?

PERERINHA: O Pinto não imaginava mesmo, mas queria saber de quem era aquela voz! E a voz insistia:

PALHOÇA / RAPOSA: Diga primeiro quem é você? Pra onde você vai?

PERERINHA: E o Pinto respondeu: eu sou o Pinto Pelado, do ovo estragado e vou fazer uma reclamação ao Rei.

PALHOÇA / RAPOSA: Mas porque você vai fazer uma reclamação ao Rei?

PERERINHA: É o Pinto Pelado contou toda a história: que batiam muito nele lá no seu galinheiro só porque ele era diferente... Era pelado! E ele não gostava nada disso! Por isso que ele ia fazer uma reclamação ao Rei! E a raposa concordou:

PALHOÇA / RAPOSA: Que absurdo! Batem em você só porque você é diferente? Você está coberto de razão! Eu também tinha que fazer uma reclamação! E sabe quem eu sou? Eu sou... a Raposa!

(COMEÇA A MÚSICA DA RAPOSA. PERERINHA OBSERVA ENQUANTO A RAPOSA CANTA E DANÇA).

 

MÚSICA: A RAPOSA

 

PALHOÇA / RAPOSA:      Dizem que sou ladina! Que sou esperta

                                            Ninguém me pega! Ninguém me acerta!

                                            Eu tenho fama de não ser boa!

                                            Mas é mentira de gente à toa!

                       

                                            Mas eu não ligo... Podem falar

                                            Eu sou raposa e não vou mudar.

                                            E quem quiser gostar de mim

                                            Tem que ser é assim.

                                            Dizem que sou ladina! Que sou esperta

                                            Ninguém me pega! Ninguém me acerta!

                                            Eu tenho fama de não ser boa!

                                            Mas é mentira de gente à toa!

(A MÚSICA PARA. O PERERINHA PUXA PALMAS E A RAPOSA AGRADECE – PALHOÇA TIRA A MÁSCARA E CONTINUA A HISTÓRIA).

PALHOÇA: A Raposa e o Pinto ficaram amigos! E ela gostou tanto daquele Pinto Pelado que pediu pra seguir viagem com ele!

PERERINHA: Mas como é que o Pinto ia levar a Raposa, Palhoça?

PALHOÇA: Ah... O Pinto Pelado abriu a sua sacola e a raposa entrou dentro da sacola do Pinto!

(DURANTE A FALA PALHOÇA FINGE QUE DÁ ALGO PARA PERERINHA QUE ENFIA DENTRO DO PINTO)

PERERINHA: E como é que essa Raposa ia caber dentro da sacola do Pinto?

PALHOÇA: Fica quieta, garota! A história é assim mesmo...

PERERINHA: Hum... sei!

PALHOÇA: Bom... com a Raposa dentro da sacola, o Pinto seguiu sua viagem...

(A MÚSICA COMEÇA – PERERINHA E PALHOÇA CANTAM E DANÇAM).

MÚSICA: PINTO PELADO

Sou o Pinto Pelado do ovo estragado

Sou o Pinto Pelado e ando apressado

Ando, ando, bem andado, pois estou acompanhado.

Ando, ando, bem andado, pois tem gente do meu lado.

Sou o Pinto Pelado do ovo estragado

Sou o Pinto Pelado e estou muito suado.

 

(TERMINADA A MÚSICA – ENQUANTO PALHOÇA FALA PERERINHA PEGA O ADEREÇO DO RIO E MANIPIULA)

 

PALHOÇA: O Pinto estava todo suado. E achou melhor lavar o rosto e beber água. Mas onde é que ele podia fazer isso? Até que escutou um barulho de água. Ele viu que tinha um rio ali perto e foi beber água e se refrescar do calor. E era um rio enorme... Não dava nem pra ver a outra margem do rio...

PERERINHA: O Pinto Pelado começou a beber água quando ouviu uma voz chamando.... uma voz que ele não sabia de onde vinha... (CHAMANDO) Pinto... Ô Pinto... Quem é você? Aonde você vai tão apressado?

PALHOÇA: O Pinto queria saber quem estava falando E o Rio continuou...

PERERINHA / RIO: (RINDO) Você não sabe quem eu sou? Bebe da minha água, sem pedir licença, e não sabe quem eu sou?

PALHOÇA: O Pinto pediu desculpas! Não sabia que a água tinha dono! O Rio quis saber quem ele era é o Pinto contou que era o Pinto Pelado, do ovo estragado, e que ia fazer uma reclamação ao Rei porque o pessoal do galinheiro batia muito nele! Só porque ele era diferente! O rio não gostou nada disso e falou assim...

PERERINHA / RIO: Mas isso é um absurdo! Eu já vou lhe dizer quem sou:

 

(PERERINHA CANTA E PALHOÇA OBSERVA).

 

MÚSICA: O RIO

RIO:    A maré sobe, a maré desce... Eu vou na dança da maré...         

            A maré sobe, a maré desce...  Eu vou na dança da maré.

            

            Sou o rio que leva a barca nas viagens da criação.

            Sou o rio que lava a roupa  na toada de uma canção.

            Sou o rio de peixe graúdo na puxada do arrastão.

            Sou o rio de todo encanto! Sou a morada da paixão!

            A maré sobe, a maré desce... Eu vou na dança da maré.

            A maré sobe, a maré desce... Eu vou na dança da maré.

            Minhas águas são palavras de um poeta a sonhar...

            As palavras não têm volta! Não tem como segurar!

            Tudo passa... bem depressa... O mundo sempre a girar!

            A corrente não retorna! Vai a procura do mar!

            A maré sobe, a maré desce... Eu vou na dança da maré...         

            A maré sobe, a maré desce...  Eu vou na dança da maré. 

(TERMINADA A MÚSICA – PALHOÇA APLAUDE – PERERINHA GUARDA O ADEREÇO DO RIO E CONTINUA A HISTÓRIA)

PERERINHA: O Pinto Pelado ficou satisfeito de conhecer um novo amigo! O Rio gostou tanto do Pinto que quis seguir na viagem com ele...

PALHOÇA: Mas como é que o Pinto vai levar o Rio, minha gente?

PERERINHA: Tudo na vida tem jeito!Calma, Palhoça!

PALHOÇA: E como foi então, Pererinha?

PERERINHA: Ah...foi assim: o Rio se enroscou.... se enrolou.... ficou bem pequeno ... e entrou na sacola do Pinto!

PALHOÇA: Então assim tá bom!

 

(AS DUAS FAZEM UM MOVIMENTO ACOMPANHADO DE PERCUSSÃO FEITA PELA MÚSICO)

 

JUNTAS:      Enrola... enrola... enrola... enrola o rio

                     Enrola... enrola... enrola... enrola o rio

                     Enrola... enrola... enrola... enrola o rio

                     Enrola... enrola... enrola... enrola o rio

(ENQUANTO FALAM, PERERINHA FINGE QUE ENTREGA ALGO PARA PALHOÇA QUE COLOCA DENTRO DO PINTO)

PALHOÇA: (PARA DENTRO DA SACOLA) Olha, Rio, cuidado para não molhar a raposa. (FECHA A SACOLA E ENTREGA A PERERINHA)

PERERINHA: E o Pinto seguiu sua viagem!

(A MÚSICA COMEÇA –  PALHOÇA COLOCA O BONECO DO PINTO NO CENTRO DO PALCO – AS DUAS CANTAM E DANÇAM)

MÚSICA: PINTO PELADO

Sou o Pinto Pelado do ovo estragado!

Sou o Pinto Pelado e ando apressado!

 

Anda... Anda... Bem andado! Que tem gente do meu lado.

Anda... Anda... Bem andado! Que eu vou bem acompanhado.

 

Sou o Pinto Pelado do ovo estragado!

Sou o Pinto Pelado, suado e cansado!

 

(PALHOÇA RETIRA DO BAÚ UM GRANDE CHAPÉU – que pode ser feito de espuma -REPRESENTANDO O ESPINHEIRO. SE COLOCA NO CANTO DIREITO DO PALCO E FICA COMO UMA ESTÁTUA – PERERINHA PEGA O BONECO DO PINTO E VAI COM ELE ATÉ O CANTO DIREITO)

 

PERERINHA: O Pinto andou... que andou... até que deu de cara com um espinheiro! E esse era um espinheiro  enorme.... de perder de vista! O Pinto achou que teria que procurar outro caminho! (PEREIRINHA FICA DE COSTAS PARA O ESPINHEIRO)

PALHOÇA / ESPINHEIRO: (CHAMANDO) Pinto... Ô Pinto....

PERERINHA: Tem alguém chamando!

 

(TODA VEZ QUE ELA OLHA O ESPINHEIRO VOLTA A SER ESTÁTUA)

 

PALHOÇA/ESPINHEIRO: Que história é essa? Vai me desprezar?

PERERINHA: Mas tem alguém chamando o Pinto Pelado! Quem será? (P/ A PLATÉIA) O Pinto quis saber!

PALHOÇA/ESPINHEIRO: Poxa, Pinto, você não sabe?

PERERINHA: (P/ O ESPINHEIRO) Não vai me dizer que é o senhor, seu Espinheiro!?

PALHOÇA/ESPINHEIRO: (NORMAL) E quem havia de ser?

 

(PERERINHA TOMA UM SUSTO)

 

PERERINHA: (COLOCANDO O BONECO DO PINTO NO CANTO DIREITO DO PALCO) O Pinto Pelado ficou espantado! Ele nunca tinha visto um espinheiro falar!

PALHOÇA: Mas o Espinheiro também estranhou: Eu também nunca vi pinto falante! Muito menos “Pinto Reclamante!”.

PERERINHA: E como é que o senhor sabe que o Pinto vai fazer uma reclamação?

PALHOÇA/ESPINHEIRO: Ah... As histórias correm... Os ventos trazem... As bocas falam...

PERERINHA: O Pinto ficou espantado! Ele estava ficando famoso! E ele quis saber o que o Espinheiro queria?

PALHOÇA/ESPINHEIRO: Eu quero ir com você na sua viagem! Eu quero lhe ajudar!

PERERINHA: Ah, não! Como é que o Espinheiro vai ajudar o Pinto? Ele pode ser muito grande... Muito garboso... Muito bonito... mas não sei se vai poder ajudar!

PALHOÇA/ESPINHEIRO: Como não! Eu posso ser muito útil!

PERERINHA: Como assim? Você fica aí parado!

PALHOÇA/ESPINHEIRO: Ah... eu vou contar:

 

(A MÚSICA COMEÇA E A PALHOÇA/ESPINHEIRO CANTA E DANÇA. PERERINHA OBSERVA).

 

MÚSICA: O ESPINHEIRO

 

ESPINHEIRO:           De onde menos se espera é que pode chegar

                                   Uma força tão grande que vai lhe ajudar

                                   De onde menos se espera você pode encontrar

                                   O mais leal dos amigos pra te acompanhar!

 

                                   Espeta o dedo no espinho! No espinho o dedo espeta!

                                   A beleza junto com a força é magia que se completa! 

                                  

                                   Tenho espinho e espinhaço. Sou espinheiro, espinhão.

                                   Quem tem encanto e formosura também pode ter ferrão.

                                   A rosa que é linda flor e que tem perfume faceiro.

                                   Também guarda no fundo a lembrança de ser espinheiro.

                                  

                                   Espeta o dedo no espinho... No espinho o dedo espeta

                                   Quem brinca com palavra tem alma de poeta!!

                                  

(DEPOIS DA MÚSICA A HISTÓRIA CONTINUA – PALHOÇA GUARDA O CHAPÉU DO ESPINHEIRO)

 

PERERINHA: O Pinto viu que tinha no Espinheiro um grande amigo! Viu que ele podia ser realmente muito útil na sua caminhada. Mas só tinha um problema... Como é que o Pinto ia levar o Espinheiro? Ele é muito grande!

PALHOÇA: Ah... É só isso? Não tem problema mais! O Espinheiro se aperta... se espreme... fico bem pequeno e vai com o Pinto!

PERERINHA: Então está bom!

 

(AS DUAS FAZEM O MOVIMENTO QUE DEVE SER ACOMPANHADO DE PERCUSSÃO FEITA PELO MÚSICO)

 

JUNTAS:      Aperta... aperta... aperta espinheiro

                        Espreme – aperta – espreme – aperta espinheiro

Aperta... aperta... aperta espinheiro

Espreme – aperta – espreme – aperta espinheiro

 

(DEPOIS DO MOVIMENTO, PALHOÇA FINGE QUE ENTREGA ALGO A PERERINHA QUE GUARDA DENTRO DO PINTO).

 

PERERINHA: (PARA DENTRO DA SACOLA) Espinheiro cuidado para não se molhar no rio nem espetar a raposa! E o Pinto Pelado continuou sua viagem!

 

(AS DUAS CANTAM E DANÇAM)

 

MÚSICA: PINTO PELADO

 

Sou o Pinto Pelado do ovo estragado

Sou o Pinto Pelado e ando apressado

 

Anda... Anda... Bem andado! Que tem gente do meu lado.

Anda... Anda... Bem andado! Que eu vou bem acompanhado.

 

Sou o Pinto Pelado do ovo estragado

Sou o Pinto Pelado e vu ao Castelo Encantado!

 

(O MÚSICO TOCA UMA CORNETA – PALHOÇA COLOCA O BONECO DO PINTO NO CENTRO DO PALCO. PERERINHA OBSERVA)

 

PALHOÇA:  E o Pinto Pelado chegou no Castelo Encantado! Era um castelo enorme... muito grande mesmo! E ele entrou por salas.... por salões... até que chegou na grande sala do trono e deu de cara com... o Rei! Ué? Cadê o Rei? Cadê o Rei?

 

(O MÚSICO COMEÇA A TOCAR – PALHOÇA CANTA ENQUANTO PERERINHA COLOCA OS ADEREÇOS DE REI).

 

MÚSICA: E LÁ VEM SUA MAJESTADE

 

PALHOÇA:                E lá vem sua Majestade!

                                   Cheio de pompa! O Rei da vaidade!

                                   E lá vem sua Majestade!

                                   Cheio de luxo! O dono da verdade!

                                                          

                                   Será que sabe o valor da amizade?

                                   Será que sabe o que é bondade?

                                   Será que pensa em igualdade?

                                   Será que vive em tranquilidade?

 

                                   E lá vem sua Majestade!

                                   Cheio de pompa! O Rei da vaidade!

                                   E lá vem sua Majestade!

                                   Cheio de luxo! O dono da verdade!

 

PALHOÇA: O Rei chegou cheio de pompa... cheio de vaidade e orgulho! E quis logo  saber:

PERERINHA/REI: Quem me chamou? O que desejam de mim?

PALHOÇA:(FAZENDO UMA REVERÊNCIA) Quem chamou foi o Pinto Pelado, Majestade?

PERERINHA/REI: Um Pinto Pelado? Como assim? E o que ele quer comigo?

PALHOÇA: (FAZENDO OUTRA REVERÊNCIA) Quer entregar, para Vossa Majestade, uma carta!

PERERINHA/REI: E onde está essa carta?

PALHOÇA: (NORMAL) E o Pinto entregou "a carta" ao Rei!

(PALHOÇA PEGA A CARTA DENTRO DO PINTO, FAZ UMA GRANDE REVERÊNCIA E ENTREGA PARA O REI A “CARTA” – O REI PEGA O PAPEL E FICA MUITO IRRITADO)

 

PERERINHA/REI: Mas que Pinto abusado! Entregar para o Rei um papel sujo e amassado! Isso é um absurdo! (GRITANDO) Prendam esse Pinto! Prendam esse Pinto! Prendam esse Pinto!

 

(PERERINHA TIRA OS ADEREÇOS DO REI)

 

PALHOÇA: O Rei estava furioso! Os guardas vieram todos! De todos os lados e lugares! E os guardas caíram em cima do Pinto Pelado! Prenderam o Pinto Pelado! E jogaram ele... (JOGA O BONECO PARA PERERINHA)

PERERINHA: (PEGANDO O BONECO) Jogaram aonde? Jogaram aonde? (JOGA O BONECO PARA PALHOÇA)

PALHOÇA: Jogaram o Pinto Pelado no Galinheiro Real!

PERERINHA E PALHOÇA: Xiiiiiiiii...

 

(PALHOÇA COLOCA O BONECO NO CENTRO DA CENA – DURANTE A FALA DE PERERINHA, PALHOÇA PEGA ADEREÇOS DE CABEÇA E ESPANADORES – ENTREGA PARA PERERINHA UM ADEREÇO E UM ESPANADOR)

 

PERERINHA: Ih! Coitado do nosso amigo! O Galinheiro Real era um lugar cheio de pompa! De luxo! Cheio de “não me toques” e frescuras! E as galinhas? Hummm... As galinhas do Galinheiro Real eram tão metidas! Tinham o bico empinado! Elas achavam que eram da realeza! Metidas que só elas! E não queriam dividir o galinheiro com mais ninguém! Ali só entrava quem tinha  sangue azul!

 

(A MÚSICA COMEÇA – AS DUAS COMEÇAM A CANTAR E DANÇAR)

 

MÚSICA: NO GALINHEIRO REAL

 

JUNTAS:   No galinheiro real, olha só, que beleza!

                  Só tem coisa fina! Da mais pura nobreza!

                  No galinheiro real, olha só, que beleza!

                  Só tem coisa fina! Da mais pura nobreza!

PALHOÇA:   Tem franga italiana

                      Com pinta de bacana.

                      Tem galinha francesa

                      Que jura que é Marquesa

PERERINHA:  Tem poleiro de prata

                         E ouro em cascata!

                         Tem até galo que é conde

                         Nem se sabe de onde.

                                  

JUNTAS:   No galinheiro real, olha só, que beleza!

                   Só tem coisa fina! Da mais pura nobreza!

                   No galinheiro real, olha só, que beleza!

                   Só tem coisa fina! Da mais pura nobreza!

                                  

(A MÚSICA PÁRA – PERERINHA CONTINUA A HISTÓRIA)

PERERINHA: Era uma frescura só! E as galinhas quando viram o Pinto Pelado não gostaram nada, nada!

(PERERINHA E PALHOÇA  FALAM COMO SE FOSSEM AS GALINHAS REAIS DE UM JEITO RITMADO).

PERERINHA: Mas que coisa feia é aquela? Com cara de siriguela!

                         É um pinto pelado! Um pinto mal ajambrado!

PALHOÇA: Que Pinto Feioso! Que monstro horroroso!

                     Tira esse Pinto daqui! Aqui ele não pode ficar!

PERERINHA e PALHOÇA:  Bate no Pinto! O Pinto tem que apanhar!

                                                Bate no Pinto! Aqui ele não pode ficar!

(O MÚSICO COMEÇA A FAZER BARULHO COM O TAMBOR DE LATA – AS LUZES PISCAM – PALHOÇA TIRA OS ADEREÇOS DE GALINHA REAL E PEGA A MÁSCARA DE RAPOSA – DURANTE A FALA PERERINHA TIRA SEUS ADEREÇOS E PEGA O BONECO DO PINTO)

PERERINHA: Mas olha que absurdo, minha gente! O Pinto Pelado saiu do galinheiro dele por que estava apanhando e foi para o Galinheiro Real pra apanhar também! Isso não é justo! E o Pinto começou a gritar: Socorro! Socorro! Socorro! O Pinto Pelado estava desesperado! Foi quando ele ouviu uma voz:

PALHOÇA/RAPOSA: Pinto! Ô Pinto... Me solta que eu resolvo!

PERERINHA: Quem é que está falando?

PALHOÇA/RAPOSA: Sou eu... a Raposa...  Me solta que eu resolvo!

(PALHOÇA SAI DE CENA).

PERERINHA: O Pinto Pelado abriu a sacola e a Raposa saiu lá de dentro! Matou cinco galinhas a dentadas e dez morreram do coração! O Pinto Pelado saiu correndo! Perna pra que te quero! Todos os guardas do palácio... de tudo quanto era lado... saíram correndo atrás do pobre Pinto Pelado! E pega daqui! E pega de lá! Uma correria de dana!  

(A MÚSICA COMEÇA – PALHOÇA VOLTA COM UMA ARMAÇÃO ONDE FIGURAS DE SOLDADOS ESTÃO PENDURADAS – ELA ANDA COM A ARMAÇÃO DE UM LADO PARA OUTRO – AS DUAS CANTAM)

MÚSICA: CORRE... CORRE... SEM PARAR!!

JUNTAS:     Corre, corre! Corre, corre! Corre, corre! Sem parar!

                     Corre, corre! Corre, corre! Olha que eu vou te pegar!

                       

                     Corre rápido! Bem depressa! Corre muito sem parar!

                     Vai por baixo... vai por cima..  Vai tentando se esgueirar!

                     Corre rápido! Bem ligeiro! Que eu vou te alcançar!

                     Vai de lado! Vai de frente! Arruma um jeito de escapar!

                      Corre, corre! Corre, corre! Corre, corre! Sem parar!

                      Corre, corre! Corre, corre! Olha que eu vou te pegar!

(O MÚSICO BATE O TAMBOR – PERERINHA PEGA O ADEREÇO DO RIO – PALHOÇA CONTINUA A HISTÓRIA)

PALHOÇA: O Pinto Pelado estava desesperado! Foi quando ele ouviu uma voz:

PERERINHA/RIO: Pinto... Me solta que eu resolvo!

PALHOÇA:  Quem é que está falando?

PERERINHA/RIO: Sou eu... o Rio... Me solta que eu resolvo!

PALHOÇA: O Pinto Pelado abriu a sacola e o rio que estava enroscadinho... enroladinho... cresceu ficou enorme! De perder de vista! E o Rio caiu em cima dos guardas! Olha teve guarda se afogando... teve guarda afundando...

(ENQUANTO FALA PALHOÇA TIRA UM DOS SOLDADOS DA ARMAÇÃO E ENTREGA PARA PERERINHA QUE SAI DE CENA)

PALHOÇA: É... mas teve guarda que pegou canoa e atravessou o Rio!

PERERINHA: (VOLTANDO PARA CENA) E a correria continuou!

(A MÚSICA RECOMEÇA – PERERINHA MOVIMENTA A ARMAÇÃO COM OS GUARDAS  – AS DUAS CANTAM)

MÚSICA: CORRE... CORRE... SEM PARAR!

JUNTAS:      Corre, corre! Corre, corre! Corre, corre! Sem parar!

                      Corre, corre! Corre, corre! Olha que eu vou te pegar!

                       

                      Corre rápido! Bem depressa! Corre muito sem parar!

                      Vai por baixo... vai por cima..  Vai tentando se esgueirar!

                      Corre rápido! Bem ligeiro! Que eu vou te alcançar!

                      Vai de lado! Vai de frente! Arruma um jeito de escapar!

                       Corre, corre! Corre, corre! Corre, corre! Sem parar!

                       Corre, corre! Corre, corre! Olha que eu vou te pegar!

(O MÚSICO BATE O TAMBOR – TODOS PARAM – PALHOÇA PEGA O CHAPÉU DO ESPINHEIRO - PERERINHA CONTINUA A HISTÓRIA)

PERERINHA: O Pinto Pelado estava desesperado! Foi quando ele ouviu uma voz:

PALHOÇA/ESPINHEIRO: Pinto! Pinto... me solta que eu resolvo!

PERERINHA:  Quem é que está falando?

PALHOÇA/ESPINHEIRO: Sou eu... o Espinheiro! ... me solta que eu resolvo!

PERERINHA: O Pinto Pelado abriu a sacola e o Espinheiro que estava apertadinho... encolhidinho.. cresceu ficou enorme! De perder de vista! E os guardas ficaram presos no Espinheiro! Ufa! Finalmente! (DURANTE A FALA PALHOÇA TIRA A ARMAÇÃO DE CENA E VOLTA SEM O CHAPÉU) O Pinto Pelado se salvou dos guardas!

PALHOÇA: Mas... e agora? O que ele vai fazer?

PERERINHA: Pois é, né? O Pinto Pelado fez sua viagem... o tempo passou... ele conheceu novos amigos...  chegou até o castelo... mas não conseguiu fazer a sua reclamação ao Rei!

PALHOÇA: Pois é... o tempo passou e o Pinto Pelado resolveu voltar pra casa assim mesmo... O tempo passou e o Pinto Pelado começou a sua viagem de volta para o seu galinheiro!

(A MÚSICA COMEÇA – AS DUAS CANTAM)

MÚSICA: PINTO PELADO

JUNTAS:   Lá vai o Pinto Pelado do ovo estragado

                   Lá vai o Pinto Pelado, mas tá tão chateado!

                   Anda, anda, bem andado! Num caminho já traçado.

                   Anda, anda, bem andado! Ele vai desconsolado!

                    Lá vai o Pinto Pelado do ovo estragado

                    Nem percebia que o tempo tinha passado!

(PERERINHA SE POSICIONA PARA CONTINUAR A HISTÓRIA – PALHOÇA PEGA OS ADEREÇOS DE CABEÇA E OS LEQUES – ENTREGA O LEQUE E O ADEREÇO DE PERERINHA)

PERERINHA: O Pinto Pelado voltou mesmo para o seu galinheiro. Andou muito para chegar lá. Ia triste... Cabisbaixo... Chateado por não ter conseguido realizar a sua reclamação. E depois de andar muito o Pinto Pelado chegou no seu galinheiro. Mas ele estava mudado. Na porta do galinheiro tinha duas frangas bem bonitinhas. As frangas faziam a maior bagunça!

(PERERINHA E PALHOÇA SE MOVIMENTAM E FAZEM BARULHO – ESSA MOVIMENTAÇÃO DEVE SER ACOMPANHADA DE PERCURSÃO)

PERERINHA: Até que elas olharam para o Pinto Pelado! Ficaram espantadas e falaram assim: Olha lá, menina! Que galo bonito...

PALHOÇA/FRANGA: Que galo elegante... Ai... Ai...

PERERINHA: O Pinto Pelado estranhou! Chegou a olhar pra trás! Será que tinha um galo atrás dele? E as frangas continuavam: Tão forte. Bonitão. `Parece um galã!

PALHOÇA/FRANGA: Galã nada! Parece um Galão! E ainda por cima com aquela careca charmosa!

PERERINHA: (RETIRANDO OS ADEREÇOS DE FRANGA E PEGANDO O ADEREÇO DE GALO) E foi aí que o Pinto percebeu que ele tinha crescido! Foram tantas as andanças que ele nem percebeu que o tempo passou. E ele ficou um galo bonito e forte.

PALHOÇA: (RETIRANDO OS ADEREÇOS DE FRANGA) Não era mais o Pinto Pelado! Era um galo bonito! Tão bonito que as frangas ficavam suspirando por ele. Ai... Ai...

(AS DUAS ABREM O ADEREÇO QUE PODE SER UM GRANDE PANO PINTADO)

PERERINHA: E o Pinto, que agora era galo, contou suas grandes aventuras! Desse dia em diante ele passou a ser respeitado e estimado por todos no galinheiro. E o Pinto viveu feliz para sempre!

PALHOÇA: E aqui termina essa história...

PERERINHA: Que entrou por uma porta...

PALHOÇA: E saiu pela outra...

JUNTAS: Quem quiser que conte outra!

(CANTAM E DANÇAM ENQUANTO DESARMAM O CIRCO)

MÚSICA: GRAN CIRCO POPULAR ALEGRIA

JUNTAS:  Aqui termina a função do GRAN CIRCO POPULAR

                  Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

                  Aqui termina a função do GRAN CIRCO POPULAR

                   Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

PERERINHA:  Contamos aqui a história

                          De um Pinto diferente.

                          Um Pinto que parece muito...

                          Parece muito com a gente!

PALHOÇA:   Vamos voltar para estrada

                      Procurando nosso lugar.

                      Um recanto bem gostoso

                      Pra gente se aconchegar!

JUNTAS:  Aqui termina a função do GRAN CIRCO POPULAR

                  Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

                  Aqui termina a função do GRAN CIRCO POPULAR

                  Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

PERERINHA:   Agradecemos sua presença!

                          E a sua paciência!

                          Vamos para outras terras

                          Buscando nova audiência!

PALHOÇA:   Ficaremos com a lembrança

                      Dessa plateia exemplar!

                      Pois a vida continua

                      E o espetáculo não pode parar!

JUNTAS:   Mas pedimos com carinho

                  E com muita devoção

                  Um aplauso bem gostoso

                  Vindo do coração!

JUNTAS:   Aqui termina a função do GRAN CIRCO POPULAR

                  Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar!

                  Aqui termina a função do GRAN CIRCO POPULAR

                  Que tem nome de ALEGRIA para nunca se acabar! 

FIM

GRAN CIRCO POPULAR ALEGRIA.jpg
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