Personagens: Estátua, Pedro e Maria
Cenário: uma praça. Uma praça que fica na nossa memória, mas que vive presente até hoje. O fundo representa um céu azul com nuvens brancas. Um coreto no centro fundo do palco onde ficam os músicos. Pernas cenográficas representam pedaços da praça. Uma perna cenográfica branca cobre a estátua da praça. Uma percussão suave começa e os músicos entram em cena e se posicionam no coreto. A luz baixa como se eles adormecessem. A percussão aumenta e a luz vai subindo em resistência despertando os músicos. Das coxias vão surgindo personagens das oficinas que se movimentam pela cena. Os músicos começam a tocar e cantar.
Música: Casa Encantada / Hoje é domingo, pé de cachimbo
(Durante a música, Pedro e Maria entram em cena e brincam com os personagens. Antes do fim da música os personagens das oficinas saem e ficam em cena os músicos, Pedro e Maria. Quando a música termina Pedro fala)
PEDRO: Ué! Cadê todo mundo?
MARIA: Todo mundo quem, Pedro? Vamos brincar!
(Os dois rodopiam até parar em frente a perna cenográfica branca)
PEDRO: Maria, não tinha uma estátua aqui?
MARIA: Tinha não! Tem!
PEDRO: E porque ela tá coberta com esse pano branco?
MARIA: Minha mãe falou que foi uma obra da prefeitura! Vai ser inaugurada amanhã! Mas ela não sabe se pintaram ou mudaram a estátua!
PEDRO: Mudaram a estátua? Quem mudou? Porque que mudou?
MARIA: Sei lá, Pedro! Vamos brincar!
PEDRO: Não! Vamos ver o que tem embaixo do pano?
MARIA: Não pode, Pedro! Só quem pode mexer nisso é o “dono da praça”!
PEDRO: E quem é o “dono da praça”?
MARIA: Sei lá! Deve ser quem usa ela, né?
PEDRO: A gente brinca nessa praça todo dia! Então... a gente é dono da praça também!
(Pedro começa a mexer no pano)
MARIA: Pedro, não faz isso! E se esse pano cair?
(Num puxão Pedro tira o pano e surge a estátua em cima de um pedestal)
MARIA: Pedro, olha o que você fez? E agora?
PEDRO: Ah... olha só: eles não fizeram nada! Só tiraram a poeira!
MARIA: E agora, Pedro? O que a gente vai fazer?
PEDRO: De quem é essa estátua, Maria?
MARIA: Sei lá! Não tem nome nenhum aqui!
PEDRO: Devia ser alguém importante, né? Pra ter uma estátua na praça!
(A estátua mexe e Maria vê)
MARIA: Pedro! Você viu? A estátua mexeu!
PEDRO: Como mexeu, Maria? Estátua não mexe!
MARIA: Mas essa mexeu!
(Pedro roda em volta da estátua procurando o nome)
PEDRO: De quem será essa estátua?
(A estátua mexe de novo e Maria vê)
MARIA: Pedro! A estátua mexeu de novo!
PEDRO: Como mexeu, Maria? Porquê a estátua ia mexer?
Estátua: Porque tô cansada de ficar parada!
(Pedro e Maria tomam um susto e correm)
Estátua: Ei! Não foge, não! Ajudem aqui! Eu quero sair daqui! Por favor...
(Pedro e Maria param)
PEDRO: Mas como é que a gente vai tirar você daí?
Estátua: Tem um pó mágico aqui no meu bolso! Vem aqui em cima, pega o pó e joga no meu pé!
(Pedro sobe no pedestal e pega o pó mágico no bolso da estátua. Depois desce e joga o pó nos pés da estátua – uma percussão de magia acompanha esse movimento – a estátua começa a se mexer e sai do pedestal)
Estátua: Ai... Finalmente... Livre! (p/ as crianças) Muito obrigado!
PEDRO: Quem é você?
Estátua: Quem sou eu? Ora... eu sou a estátua da praça!
MARIA: Mas quem você representa?
Estátua: Não sei! Nunca me disseram! Mas deve ser alguém importante, né? Pra ter uma estátua na praça!
PEDRO: E é legal ser estátua da praça?
Estátua: Muito legal! A gente vê de tudo: as crianças brincando, os namorados, os vendedores! Só tem uma coisa chata!
MARIA: O que é?
Estátua: Eu sempre tive vontade de brincar com as crianças, mas não podia! Não podia sair do meu lugar!
PEDRO: Se esse é o problema... já tá resolvido! Você pode se mexer! Vamos brincar!
Música: BRINCADEIRAS DE CRIANÇAS
(A música começa e os três saem de cena. Os participantes da oficina Brincadeiras entram, se posicionam e realizam a cena)
OFICINA BRINCADEIRAS
(Terminada a cena os participantes da oficina Brincadeiras saem. Entram Pedro, Maria e a Estátua)
Estátua: Que delícia! Como é bom brincar!
MARIA: Legal mesmo, né?
PEDRO: E você pode fazer muito mais coisas, Estátua! Agora você pode se mexer!
MARIA: O que você quer fazer?
Estátua: Não sei... tantas coisas... Eu já vi tanta coisa!
PEDRO: Há quanto tempo você está aqui nessa praça?
Estátua: Sei lá... Perdi a conta... mas acho que foi desde que inauguraram a praça!
MARIA: Caraca! Você tá muito velho!
Estátua: E vi muita coisa! Muito coisa legal! E nós vamos ver tudo isso juntos!
PEDRO: Como?
Estátua: Sabe aquele pó mágico que me libertou? Ele serve para outras coisas! E vai ajudar na nossa viagem! Vamos começar pelas cantigas de infância! Músicas que contam histórias! Vocês vão adorar!
Música: Cantorias da Infância
(A estátua pega um punhado de pó mágico e joga pra cima – a música começa e os três saem de cena. Os participantes da oficina Encantadores de Infância entram, se posicionam e realizam a cena)
Oficina Encantadores de Histórias
(Terminada a cena os participantes da oficina Encantadores de Infância saem. Entram Pedro, Maria e a Estátua)
PEDRO: Que manero! Quanta história legal!
MARIA: Quanta música!
Estátua: E vocês não viram nada!
PEDRO: Tem mais pra ver?
Estátua: Ih... muita coisa! Tinha um pessoal que vinha sempre armar sua tenda aqui! Eles vem ainda! E é muito especial! Tem os malabaristas! Os engolidores de fogo!! E os palhaços!! Ah... os palhaços! A alegria do circo! A criançada fica numa felicidade! E lá vem a trupe do circo! E o palhaço o que é?...
PEDRO E MARIA: ... é ladrão de mulher!
Música de Circo
(A música começa e os três saem de cena. Os participantes da oficina Brincadeiras de Picadeiro entram, se posicionam e realizam a cena)
Oficina Brincadeiras de Picadeiro
(Terminada a cena os participantes da oficina Brincadeiras de Picadeiro saem. Entram Pedro, Maria e a Estátua)
MARIA: (apontando para o alto) Olha lá, Pedro! Uma pipa!
PEDRO: (apontando para o alto) E outra... e mais outra... quantas pipas! Ah... que chato! (Pedro fica chateado)
Estátua: Que foi, Pedro?
MARIA: O Pedro não sabe soltar pipa, Estátua!
PEDRO: Eu sei sim, tá!
MARIA: Mas elas nunca sobem! Ficam no chão!
PEDRO: A culpa não é minha!
Estátua: E não é mesmo, Pedro! A gente não nasce sabendo! Precisa aprender! Como é que você solta pipa?
PEDRO: Assim! (faz de um jeito bem atrapalhado)
MARIA: (achando graça) Que coisa mais desengonçada!
PEDRO: Não é nada desengonçado!
Estátua: Calma, Pedro! Eu vou te ensinar!
PEDRO: E você sabe soltar pipa?
Estátua: De tanto ver... acabei aprendendo! E assim! Olha só! (começa a ensinar)
PEDRO: Que legal!
(Pedro e Maria começam a fazer também)
Estátua: E aqui na praça não tem só pipa! Tem barangandão! Tem piabinha! Tem um monte de desobjetos voadores!
PEDRO: Desobjetos voadores, estátua? O que é isso?
Estátua: São brinquedos de voar e sonhar! E pode brincar com todos eles! Pode brincar até com uma sacola de plástico! E o mais legal é que a gente pode voar junto com eles!! Voar lá no céu!
Música: PIPA
(A música começa e os três vão saindo de cena fazendo movimentos como se estivessem soltando pipas. Os participantes da oficina Desobjetos Voadores entram, se posicionam e realizam a cena)
OFICINA DESOBJETOS VOADORES
(Terminada a cena os participantes da oficina Desobjetos Voadores saem. Pedro e a Estátua conversam fora de cena)
PEDRO: (EM OFF) Muito manero voar com a pipa!
Estátua: (EM OFF) Muito legal mesmo! Mas tem outras formas de voar! Voar com a poesia! Com a poesia de Manuel Bandeira... de Manuel de Barros! Voar fora da asa! Voar numa Bolha de sabão!
E estas coisas,
as pequeninas,
o insignificante,
o outro,
o tudo,
o quase nada,
é apenas algo como
uma bolha de sabão.
Forma perfeita,
que flutua
encanta
e explode no ar.
Música: Bolha de Sabão
(A música começa. Os participantes da oficina Entre a Rua do Sabão e dos Cataventos entram, se posicionam e realizam a cena)
Oficina Entre a Rua do Sabão e dos Cataventos (MANUEL BANDEIRA)
(Terminada a cena os participantes da oficina Entre a Rua do Sabão e dos Cataventos saem. Maria e a Estátua conversam fora de cena)
MARIA: (EM OFF) Sabe, Estátua, tá tudo muito lindo! Mas eu tô sentindo falta de uma coisa!
Estátua: (EM OFF) Do quê, Maria?
MARIA: (EM OFF) Dos Príncipes, das princesas, das bruxas e fadas! Das histórias de magia! Não tem isso na nossa praça?
Estátua: (EM OFF) Claro que tem, Maria! Toda praça é um castelo encantado onde mora o Rei e a Rainha! A Princesa suspira por um valente Príncipe que vai salvá-la das garras do terrível dragão que vive na mais escura e tenebrosa das cavernas! Esse monstro foi criado pela bruxa Fedegunda, a mais cruel e malvada das feiticeiras! Mas não se preocupe! As boas fadas estão aí para fadar felicidade, alegria e fazer o bem! No mundo mágico dos contos de fadas tudo termina feliz para sempre...
Música: Era outra Vez
(A música começa. Os participantes da oficina Onde tem fada, tem bruxa entram, se posicionam e realizam a cena)
OFICINA ONDE TEM BRUXA, TEM FADA
(Terminada a cena os participantes da oficina Onde tem Fada tem Bruxa saem. Entram Maria, Pedro e a Estátua)
MARIA: Que lindo, né?
PEDRO: Ah... esse negócio de fada é coisa de menina!
Estátua: Não é não, Pedro! Isso é coisa de quem gosta de sonhar! Você não gosta de sonhar?
PEDRO: Claro que gosto! Quem é que não gosta?
Estátua: Pois é! E pra sonhar não precisa muito! Tem tantos vendedores de sonhos espalhando sonhos por aí!
MARIA: Vendedor de sonhos? Isso existe?
Estátua: Claro que existe!
PEDRO: E eles vendem os sonhos, Estátua?
Estátua: Não! Eles dão! Vão espalhando seus sonhos pelos corações... pelas mentes.. por todo lado!
MARIA: E como é que a gente consegue esses sonhos?
Estátua: Fácil! Eu já disse: é só querer e acreditar! Quem vai querer sonhar... é só acreditar... Quem vai querer sonhar... é só acreditar... Quem vai querer sonhar... é só acreditar...
OS TRÊS JUNTOS: Quem vai querer sonhar... é só acreditar... Quem vai querer sonhar... é só acreditar... Quem vai querer sonhar... é só acreditar... Quem vai querer sonhar... é só acreditar...
Música: VENDEDOR DE SONHOS
(A música começa e os três vão saindo de cena repetindo o refrão. Os participantes da oficina Vendedor de Sonhos entram, se posicionam e realizam a cena)
OFICINA VENDEDOR DE SONHOS
(Terminada a cena os participantes da oficina Vendedores de Sonhos saem. Entram Maria, Pedro e a Estátua)
MARIA: Quanto sonho! Quanta magia!
PEDRO: Essa nossa praça é o máximo! Só tem coisa legal!
Estátua: Isso mesmo, crianças! Tem muita coisa boa! Mas tem coisa que deixa a gente triste!
PEDRO: Como assim?
MARIA: O que é, Estátua?
Estátua: Nem todas as crianças podem brincar e viver tranquilas em suas casas. Tem crianças que trabalham! Que são obrigadas a trabalhar para ajudar no sustento da casa! E com isso tem que deixar de viver a sua infância!
PEDRO: Que coisa horrível, Estátua!
Estátua: Horrível mesmo, Pedro! E esses meninos e meninas vivem nas ruas, nas praças, nos sinais de trânsito tentando construir suas histórias! Jogando seus malabares... suas bolas... dando suas piruetas... eles buscam uma forma de sobreviver!
Música: SINAL VERMELHO
(A música começa e os três saem de cena. Os participantes da oficina Sinal Vermelho entram, se posicionam e realizam a cena)
OFICINA SINAL VERMELHO
(Terminada a cena os participantes da oficina Sinal Vermelho saem. Entram Pedro e a Estátua)
PEDRO: Que coisa triste, né, Estátua?
Estátua: Pedro, é triste mesmo! Mas a gente nunca pode perder a esperança e a vontade de sonhar! Pensar sempre em coisas boas e fazer coisas que a gente gosta muito também! Do que você gosta, Pedro?
PEDRO: Sabe, Estátua, tem uma coisa que eu gosto muito de fazer!
Estátua: O que é?
PEDRO: Eu gosto muito... de dançar!
Estátua: Se é assim: já tá resolvido!
PEDRO: Vai me dizer que tem uma dança na praça?
Estátua: Uma só, não! Tem um monte! A que eu mais gosto é o Cacuriá! (ANUNCIANDO) Que venha o Carimbó de Caixa! Viva o Cacuriá!
PEDRO: Que quê é isso, Estátua?
Estátua: Cacuriá! Nunca ouviu falar?
PEDRO: Eu não! O que é Cacuriá?
Estátua: Uma dança! Uma dança gostosa que foi criada a partir da Festa do Divino Espirito Santo! Uma dança cheia de simbolismo! Cada passo da dupla transmite a cultura, as crenças e os costumes do povo. Uma dança alegre, criativa e envolvente. As músicas trazem elementos da natureza, das brincadeiras de crianças e das cantigas de roda onde se falam dos anseios do povo. Uma forma de preservar e cultuar as nossas tradições e conhecimentos populares!
PEDRO: E tem mesmo Cacuriá na praça?
Estátua: Se tem? Ha! Ha! Só entrar na roda e começar a dançar! Viva o carimbó de caixa! Viva o Cacuriá!
Música: Cacuriá
(A música começa. Pedro e a estátua saqem. Os participantes da oficina Cacuriá entram, se posicionam e realizam a cena)
OFICINA Cacuriá
(Terminada a cena os participantes da oficina Cacuriá saem. Entram dançando Maria, Pedro e a Estátua)
MARIA: Que gostoso né, estátua?
Estátua: E bota gostoso nisso!
PEDRO: Não dá vontade de parar!
MARIA: Não dá vontade de parar de dançar.. de pular... de brincar...
Estátua: É isso mesmo, Maria! E sabe porquê isso acontece?
MARIA: Porque, Estátua?
Estátua: Porque você é criança, Maria! E se Deus quiser vai ser criança pra sempre!
PEDRO: Como assim, estátua? Ela não vai crescer?
Estátua: (ACHANDO GRAÇA) Vai, Pedro! Ela não vai deixar de ser criança por dentro! Vai continuar com esse brilho no olhar! Com o brilho de todas as crianças do nosso país! Do menino com o pé descalço na terra até aquele que só fica no apartamento! Da menina que brinca de professora até aquela que quer ser princesa! Todas as coloridas crianças do Brasil! Com suas cores maravilhosas e misturadas que fazem um retrato do nosso país! Um país com várias INFÂNCIAS!
Música: ANJOS BARROCOS
(A música começa. Os participantes da oficina Anjos Barrocos entram, se posicionam e realizam a cena)
OFICINA ANJOS BARROCOS
(Terminada a cena os participantes da oficina Anjos Barrocos saem. Pedro e a Estátua conversam fora de cena)
PEDRO: Nossa! Quanta coisa maravilhosa!
MARIA: Isso mesmo, Pedro! Nossa praça é maravilhosa!
Estátua: Está tudo muito bom! Está tudo muito bem! Mas está na hora de voltar!
PEDRO: Já, Estátua! Eu quero ver mais coisas da nossa praça!
Estátua: Mas, Pedro, essas coisas todas não tem só na nossa praça! Tem em qualquer praça!
MARIA: Como assim?
Estátua: Assim mesmo, Maria! Toda praça pode ser maravilhosa como essa aqui! Basta a gente querer! Basta a gente sonhar, imaginar e vir brincar na praça! Pode ser uma praça grande! Pode ser uma bem pequena! Pode ser aonde for! Até aqui! A praça está dentro da gente! Só deixar ela acontecer!
(Enquanto a Estátua fala dois integrantes de cada oficina voltam a cena e formam um bloco da Maricota. No final da fala começa a música e todos realizam uma coreografia)
Música Final: MARCHINHA
(Terminada a música os integrantes agradecem)
Estátua: Agora, que a gente sabe que pode ter uma praça em qualquer lugar, vamos fazer a nossa praça aqui! Vamos cirandar!
(Os integrantes convidam o público para formar uma grande ciranda onde todos dançam)
CIRANDAS
FIM