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CENA: Palco vazio.

 

MÚSICA: ERA MAIS UMA VEZ

 

(TERMINADA A MÚSICA O NARRADOR COMEÇA A HISTÓRIA)

 

NARRADOR: (EM OFF) Essa é uma história que poderia começar como muitas outras histórias: Era uma vez! Mas essa é uma história diferente e vai começar de um jeito especial. Como na música, ela começa: ERA MAIS UMA VEZ! Era mais uma vez que um sujeito... um sujeito chamado Zé! Um Zé como muitos que existem por aí! Pois esse Zé estava arrumando suas tralhas numa casa no interior desse nosso Brasil. E era mais uma vez que ele ficava todo empoeirado com tanta tralha que ele guardava. Mas dessa vez foi diferente: no meio da arrumação um livro caiu na sua cabeça! Um livro que começou uma nova história...

 

(ENTRA ZÉ COBERTO DE POEIRA. CARREGA NAS MÃOS UM GRANDE LIVRO. ENTRA DANDO AIS DE DOR E É SEGUIDO POR SUA ESPOSA MARIA)

 

ZÉ: Ai! Ai! Ai! Ai!

MARIA: Que foi isso homem?

ZÉ: Esse livro que me caiu na cabeça!

MARIA: Abriu sua cabeça?

ZÉ: Não e sim!

MARIA: Ih, ficou doido! (BATENDO EM ZÉ) E ainda tá cheio de poeira... Eitá! Que tá nojento!

ZÉ: Pára, mulher!

MARIA: Tá doendo à cabeça que abriu?

ZÉ: A minha cabeça abriu, mas não é desse jeito que você tá falando!

MARIA: E de que jeito foi?

ZÉ: Abriu para o mundo! Para que eu possa descobrir novas coisas... um mundo novo!

MARIA: E que mundo é esse, homem?

 ZÉ: O mundo da literatura! Da leitura!!!

MARIA: Tu tá variando, homem? Que diacho de livro é esse?

ZÉ: É o DOM QUIXOTE DE LA MANCHA de Cervantes!

 

MÚSICA: DOM QUIXOTE

 

MARIA: O nome do homem que escreveu esse Dom Quixote de la Mancha é Cerantes?

ZÉ: Cervantes, mulher! E o livro fala de um homem que um dia virou cavaleiro errante e saiu pelo mundo em muitas aventuras!

MARIA: E tu vai sair pelo mundo? E vai sair sozinho?

ZÉ: Não. Como Dom Quixote, eu vou com meu fiel escudeiro: Sancho Pança!

MARIA: (DEBOCHANDO) Como Dom Quixote... E como é que tu sabe disso tudo, Zé?

ZÉ: Não me pergunte, mas eu sei! O livro me contou! E não me chame mais de Zé! Eu agora sou ZÉ QUIXOTE! O ZÉ QUIXOTE DO SERTÃO! E tu serás meu Sancho Pança!

MARIA: Ah, não! Eu não quero ser pança não! Sou uma mulher muito delgada! Muito elegante! No máximo eu posso ser A MARIA SEM PANÇA!

ZÉ QUIXOTE: Pois está dito! Será a MARIA SEM PANÇA! Vamos, SEM PANÇA!             Vamos descobrir o mundo pela leitura!

SEM PANÇA: Mas a gente começa por onde?

ZÉ QUIXOTE: Pelas histórias de AVENTURAS!! Vamos, Sem Pança! Vamos viver as grandes aventuras!!

 

(SEM PANÇA E ZÉ QUIXOTE SAEM – ENQUANTO O NARRADOR FALA ENTRA EM CENA A OFICINA DE AVENTURAS E REALIZA SUA APRESENTAÇÃO)

 

NARRADOR: Zé Quixote do Sertão e Sem Pança foram atrás de aventuras! Foram atrás das histórias que contam sobre capa e espada... sobre batalhas... sobre as aventuras que o homem vive e sempre viverá! Histórias que tiram o fôlego! E o próprio Zé Quixote enfrentou muitas batalhas! Muitas batalhas no sertão! E essas histórias sempre vão encantar!

 

1) OFICINA – AVENTURAS (PERCUSSÃO)

MÚSICA E MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

 

(TERMINADA A CENA OS INTEGRANTES DA OFICINA AVENTURAS SAEM. VOLTAM ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA – JÁ CARACTERIZADOS COM SUAS ROUPAS DE VIAGEM. ESSAS ROUPAS DEVEM SER FEITAS A PARTIR DE SUCATA)

 

ZÉ QUIXOTE: (MUITO EMPOLGADO) Quantas aventuras! Quanta coisa pra ver! A bravura! A honra!

SEM PANÇA: (COM MEDO) O perigo! O medo! Quebrar uma perna... Bater uma cabeça...

ZÉ QUIXOTE: Deixe de bobagens, Sem Pança! Vá logo pegar o Rocinante! Temos muitas aventuras para viver!

SEM PANÇA: Roci... o quê?

ZÉ QUIXOTE: Rocinante! (OUTRO TOM) É o cavalo do Dom Quixote!

SEM PANÇA: Olha, Zé, cavalo aqui não tem. Ainda mais desse roci aí que você falou! (PEGA UMA VASSOURA NA COXIA) Mas tem essa vassoura aqui! Não serve?

ZÉ QUIXOTE: Isso não é uma vassoura, Sem Pança! Esse é o meu cavalo VASSOURANTE!

SEM PANÇA: (A PARTE) Esse homem tá maluco mesmo!

ZÉ QUIXOTE: (MONTANDO NA VASSOURA) Vamos, Sem Pança! Vamos continuar nossa viagem! Irei montado no meu Vassourante!

SEM PANÇA: E vamos para onde, Zé Quixote?

ZÉ QUIXOTE: Precisamos continuar nossa viagem! Conhecer as emoções que movem o ser humano: O Drama, A comédia e o Mistério! Depois de tantas aventuras precisamos nos divertir! Vamos buscar novas emoções! Vamos, Sem Pança!

 

(ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA SAEM. ENQUANTO O NARRADOR FALA ENTRA EM CENA A OFICINA DE COMÉDIA E REALIZA SUA APRESENTAÇÃO)

 

NARRADOR: E nosso herói foi em busca de novas emoções! Começou pela comédia... pelo riso... pela palhaçada... Será que hoje tem marmelada? Tem sim, senhor! E tem muito mais para gente se divertir! Que se faça a comédia!

 

2) OFICINA COMÉDIA (CIRCO)

MÚSICA E MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

 

(TERMINADA A CENA OS INTEGRANTES DA OFICINA COMÉDIA SAEM E DURANTE A FALA DO NARRADOR ENTRAM OS INTEGRANTES DA OFICINA DRAMA)

 

NARRADOR: E depois da Comédia.... do circo... da risada... a máscara muda: o drama se inicia! A tragédia... o desespero...  o melodrama... O ser humano chegando ao limite... as emoções fortes... Que se faça o drama!

 

3)OFICINA DRAMA (TEATRO)

MÚSICA E MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

 

(TERMINADA A CENA OS INTEGRANTES DA OFICINA DRAMA SAEM E DURANTE A FALA DO NARRADOR ENTRAM OS INTEGRANTES DA OFICINA MISTÉRIO)

 

NARRADOR: E depois do Drama, uma névoa toma conta de tudo... Uma névoa que encobre as verdades! Quem matou? Quem roubou? Quem fez e o que aconteceu? Perguntas sem respostas... soluções mirabolantes... Se você quer ser um detetive, aqui começa o Mistério!

 

4)OFICINA MISTÉRIO (CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS)

MÚSICA E MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

 

(TERMINADA A CENA OS INTEGRANTES DA OFICINA MISTÉRIO SAEM E ENTRAM ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA).

 

SEM PANÇA: Nossa, Zé Quixote! Que mistério complicado desse rato Honorato! Quantas emoções!

ZÉ QUIXOTE: E você ainda não viu nada, Sem Pança! Agora vamos enfrentar as piores feras que existem!

SEM PANÇA: Feras? Que feras? Outro rato ou um gato?

ZÉ QUIXOTE: Monstros terríveis que assolam a humanidade! Criaturas bestiais que assombram os homens! Como cavaleiro errante que sou, preciso derrota-las! Vamos, Vassourante! Vamos enfrentar os monstros!

SEM PANÇA: Mas você tá falando do quê, Zé Quixote?

 

(NO INÍCIO DA PRÓXIMA FALA DE ZÉ QUIXOTE OS INTEGRANTES DA OFICINA DE ASSOMBRAÇÃO VÃO ENTRANDO E SE POSICIONANDO)

 

ZÉ QUIXOTE: Gigantes! Bruxas! Serpentes enormes! Seres fantásticos e monstruosos que querem acabar com os homens de bem! Criaturas infernais que só pensam em desgraçar a vida alheia! Veja! Eles estão chegando!

SEM PANÇA: Mas isso tá esquisito! Não parecem monstros! Sossega, homem!

ZÉ QUIXOTE: Não deixe que seus olhos a enganem! São feras terríveis que domam o tempo e o vento! É preciso derrota-los! Venham assombrações! Sintam o poder da minha espada!

 

5) OFICINA HISTÓRIAS DE ASSOMBRAÇÃO (FIGURINO)

MÚSICA – CATAVENTO – MÚSICA E MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

 

(DURANTE A APRESENTAÇÃO ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA FICAM NO FUNDO DO PALCO. ZÉ QUIXOTE SE MOVIMENTA COMO SE LUTASSE. SEM PANÇA TENTA IMPEDI-LO. TERMINADA A APRESENTAÇÃO OS INTEGRANTES DA OFICINA DE HISTÓRIAS DE ASSOMBRAÇÃO SAEM. EM CENA ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA).

 

ZÉ QUIXOTE: Derrotamos os monstros, Sem Pança?

SEM PANÇA: Eram só cata-ventos, Zé Quixote!

ZÉ QUIXOTE: (SEM DAR ATENÇÃO A SEM PANÇA) Sim! Derrotamos os monstros! Agora podemos continuar tranqüilos!

SEM PANÇA: E vamos para onde?

ZÉ QUIXOTE: O fio que nos puxa... é o fio da poesia! Vamos ao encontro dela! A poesia que transborda da alma! Vamos, Sem Pança! Vamos encontrar a poesia!

 

(ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA SAEM. DURANTE A FALA DO NARRADOR ENTRAM OS INTEGRANTES DA OFICINA POESIA (CORPO) E REALIZAM SUA APRESENTAÇÃO)

 

NARRADOR: E nossos heróis foram guiados pelos fios da poesia. A poesia que tece a alma... que entrelaça os fios do encantamento formando delicadas tramas. Tramas de cores variadas surgem! É a poesia que se apresenta!

 

6) OFICINA POESIA (CORPO)

MÚSICA: ROCA – MÚSICA E MOVIMENTAÇÃO CÊNICA.

 

(TERMINADA A APRESENTAÇÃO OS INTEGRANTES DA OFICINA POESIA SAEM. EM CENA ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA).

 

SEM PANÇA: Que beleza, né Zé Quixote?! Quanta poesia!

ZÉ QUIXOTE: Gostou, Sem Pança?

SEM PANÇA: Se gostei? Fiquei toda encantada!

ZÉ QUIXOTE: Então vamos continuar na poesia!

SEM PANÇA: E como vai ser isso? Vamos continuar na poesia? Que poesia é essa?

 

(DURANTE A PRÓXIMA FALA DE ZÉ QUIXOTE OS INTEGRANTES DA OFICINA DE CORDEL ENTRAM E SE POSICIONAM)

 

ZÉ QUIXOTE: Uma poesia nossa... Brasileira! Feita pela nossa gente! Chegou aqui, vindo de Portugal, mas veio de muito mais longe... veio da Grécia! Aqui se tornou meio de comunicação.

SEM PANÇA: Tu fala umas coisas... Parece que ta variando, homem!

ZÉ QUIXOTE: (SEM DAR ATENÇÃO) Podemos até chamar de: “o jornal do sertão”! Uma poesia que vem lá dos sertões! Que ensina muita gente a ler e a conhecer mais sobre sua época e sua cultura! Por que fala do nosso jeito... porque conta do nosso jeito!

SEM PANÇA: E ela também tece os fios?

ZÉ QUIXOTE: Tece os fios com a trama das cordas... dos cordéis! E a poesia brasileira na arte dos cordelistas! Vamos conhecer a literatura de cordel, Sem Pança!

 

7) OFICINA CORDÉIS (LITERATURA DE CORDEL) MÚSICA E MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

 

(SEM PANÇA E ZÉ QUIXOTE FICAM EM CENA ADMIRANDO OS CORDELISTAS. TERMINADA A APRESENTAÇÃO OS INTEGRANTES DA OFICINA CORDÉIS SAEM. EM CENA ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA).

 

SEM PANÇA: Que histórias bonitas, Zé Quixote! Quanto encantamento!

ZÉ QUIXOTE: E você ainda não viu nada!

SEM PANÇA: Tem mais ainda para ver?

ZÉ QUIXOTE: Claro que tem! Tem muita coisa pra ver! Vamos agora aos contos populares!

SEM PANÇA: E é coisa brasileira?

ZÉ QUIXOTE: É coisa do mundo todo! Coisa que tem a fala do mundo! Em todas as partes desse nosso mundão o povo se expressa através desses contos! E cada cultura mostra o seu jeito por essas narrativas. A mesma narrativa pode ser contada das formas mais variadas! E o povo mostra sua sabedoria contando... brincando... dançando... São os contos populares! São “as falas do povo”!

 

8) OFICINA CONTOS POPULARES (DANÇAS POPULARES)

 MÚSICA E MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

 

(DURANTE A NARRATIVA OS INTEGRANTES DA OFICINA CONTOS POPULARES VÃO ENTRANDO E SE POSICIONANDO. DURANTE A APRESENTAÇÃO SEM PANÇA E ZÉ QUIXOTE SAEM DE CENA.)

 

NARRADOR: (EM OFF)

O MACACO E A VELHA

 

Diz que era uma velha tão velha. Velha, pão-dura e zarolha. A velha não dava nada pra ninguém. Na casa dela tinha um coqueiro com cada coco maravilhoso. Mas a velha não dava coco pra ninguém. Mas o macaco roubava os cocos da velha. Um dia a velha jurou vingança. Pegou um monte de alcatrão e fez um bonequinho lindo. Botou o bonequinho na porta de casa, com um coco na cabeça, e se escondeu. Logo apareceu o macaco. Vendo aquele bonequinho tão bonito, o macaco pediu:

- O garotinho tão bonito, me dá esse coco.

Bonequinho não respondeu. Bonequinho não fala. E o macaco:

  • Garotinho, me dá esse coco!! Se não eu vou te dar um tapa!

E... PÁ!!!

Macaco deu o tapa e ficou com a mão grudada.

  • Garotinho, me larga, que lá vai outro tapa!

E... PÁ!!!

Macaco ficou com a outra mão grudada.

  • Garotinho, me larga que lá vai um chute!!!

E...PÁ!!!

Macaco ficou com o pé preso. E deu outro chute... e uma cabeçada... e uma barrigada. Macaco ficou todo grudado no alcatrão. A velha saiu do esconderijo com um chicote na mão. Deu uma chicotada no macaco e ele pulou longe se livrando do boneco. A velha correu atrás, mas o danado foi mais rápido, se escondeu numa folhagem e deu um rugido. Como se fosse um leão. A velha ficou com medo e saiu correndo e o macaco foi-se embora para o bosque inventar outra confusão. Ei ta, macaco danado!

 

(DEPOIS DA NARRAÇÃO OS INTEGRANTES DA OFICINA CONTOS POPULARES EXECUTAM SUA PERFORMANCE. TERMINADA A APRESENTAÇÃO OS INTEGRANTES DA OFICINA CONTOS POPULARES SAEM. NA FALA EM OFF DE ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA ENTRAM OS INTEGRANTES DA OFICINA FÁBULAS).

 

SEM PANÇA: (EM OFF) Mas meu Deus, quanta cultura! Quanta sabedoria! Quanta coisa que eu estou aprendendo!

 ZÉ QUIXOTE: (EM OFF) Você tá falando de cultura e de sabedoria? Agora é que começa mesmo!

SEM PANÇA: (EM OFF) Como assim? O que a gente vai ver agora?

ZÉ QUIXOTE: (EM OFF) Agora vamos seguir viagem até as Fábulas!

SEM PANÇA: (EM OFF) Fábulas? O que é isso?

ZÉ QUIXOTE: (EM OFF) São histórias cheias de ensinamentos! É uma narração alegórica!

SEM PANÇA: (EM OFF) Narração alegórica? Esse livro acabou contigo mesmo! Tu tá é maluco! Que coisa mais complicada!

ZÉ QUIXOTE: (EM OFF) Parece complicado, mas não é não! Essas histórias, geralmente, têm como personagens os bichos. E os bichos das fábulas agem igual aos homens com suas coisas boas e coisas ruins!

SEM PANÇA: (EM OFF) E como é que fica?

ZÉ QUIXOTE: (EM OFF) Vamos ver pra gente entender melhor!

 

9) OFICINA FÁBULAS (PLÁSTICA)

MÚSICA E MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

 

(NA FALA DO NARRADOR ACONTECE A ENCENAÇÃO. DURANTE A APRESENTAÇÃO SEM PANÇA E ZÉ QUIXOTE CONTINUAM FORA DE CENA.)

 

NARRADOR: (EM OFF)

A TARTARUGA E A LEBRE

 

Uma vez numa floresta, todos os bichos estavam reunidos. Então, a tartaruga propôs à lebre:

- Vamos apostar quem chega primeiro lá onde fica aquela árvore?

A lebre riu dela:

- Você está louca ? Vagarosa como você é! Está se lembrando que sou um dos animais mais rápidos que existem?

- Estou, sim. E continuo apostando.

A lebre sabia que era capaz de chegar até a árvore em quatro pulos.

- Está bem. Depois não diga que não avisei.

Combinaram um prêmio e os outros bichos ficaram na torcida. A lebre deixou a tartaruga partir. Pastou, escutou de que lado vinha o vento, dormiu - e enquanto isso a tartaruga ia indo, no seu passo solene. Tinha consciência da sua lentidão e, por isso, não parava de andar.

- Essa aposta é indigna dos meus dotes - pensava a lebre. - Para a vitória ter algum valor, só eu saindo no último instante.

Afinal, ,quando a tartaruga estava quase chegando ao fim combinado, a lebre partiu como uma flecha.

Tarde demais. Quando chegou, a tartaruga já estava lá. A lebre teve que lhe entregar o prêmio e, ainda por cima, dar os parabéns.

Mais vale um trabalho persistente do que dotes naturais mal aproveitados.

 

(TERMINADA A APRESENTAÇÃO OS INTEGRANTES DA OFICINA FÁBULAS SAEM DURANTE A MÚSICA: MUNDUS FÁBULA. NA FALA EM OFF DE ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA ENTRAM OS INTEGRANTES DA OFICINA DE GRIOS).

 

SEM PANÇA: (EM OFF) Viu, Zé Quixote, tem gente que fica se achando muito esperto... muito melhor que os outros... muito ligeiro... e é nisso que dá! Bem feito pra essa lebre! Quanta coisa a gente pode aprender com as Fábulas, né Zé Quixote?! Quantos ensinamentos!

ZÉ QUIXOTE: (EM OFF) Mas ensinamento mesmo a gente vai descobrir na próxima viagem!

SEM PANÇA: (EM OFF) Mais ensinamento! Não é muito pra uma cabeça só?

ZÉ QUIXOTE: (EM OFF) Que nada, Sem Pança! Agora vamos ouvir as histórias dos Grios! Histórias daqueles que já viveram muito e que tem muito para ensinar! Histórias de há muito tempo.... do principio dos tempos... E que trazem toda a sabedoria popular!

 

10) OFICINA HISTÓRIAS DE GRIOS (MÚSICA)

MÚSICA E MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

 

(NA FALA DO NARRADOR OS INTEGRANTES DA OFICINA DE GRIOS REALIZAM SUA PERFORMANCE)

 

NARRADOR: (EM OFF)

 

No tempo em que na Terra não existiam histórias para contar, as histórias pertenciam a Niame, o deus do céu.Ele as guardava num baú.

 

(Entram todos cantando e tocando Tuê Tuê, marima e sentam em meia lua para ouvir o Griot contar a história. O griot apresenta o Baú para a platéia)

 

O homem aranha Ananse decidiu comprar as histórias do deus do céu.

O preço era muito alto e difícil de pagar.

 

(Gestual do Griot indicando com as mãos o Deus do Céu enquanto os ouvintes da história fazem: Oh!)

 

O deus do céu pediu que Ananse trouxesse para ele Osebo, o leopardo de dentes terríveis;

 

(O Griot tira um tambor do Baú e toca um pouco enquanto os ouvintes fazem o som de leopardo.)

 

 Mboro, os marimbondos que picam como fogo

 

(O Griot tira um caxixi do Baú enquanto os ouvintes fazem o som dos marimbondos)

 

 e Mmoatia, a fada que nenhum homem viu.

 

(O Griot retira do Baú um agogô enquanto os ouvintes fazem o som de fada.)

 

Ananse não desistiu. Ananse brincou de amarrar com o leopardo e o pendurou numa árvore.

 

(Todos com som de leopardo)

 

Ananse enganou os marimbondos e os prendeu em sua cabaça.

 

(Todos com som de marimbondo)

 

Ananse pegou a fada pela boca e juntou com os marimbondos e com o leopardo numa teia bem forte que ele mesmo teceu.

 

(Todos os sons juntos)

 

Fez outra teia e subiu até o deus do céu com os pedidos. O deus do céu entregou o baú das histórias para Ananse e declarou: De hoje em diante minhas histórias pertencem a Ananse, o homem aranha.

 

(Todos batem palmas e exclamam Tuê, tuê, várias vezes.)

 

Então, Ananse levou as histórias para a Terra, abriu o baú e todas as histórias se espalharam por todos os cantos do mundo até chegarem até aqui.

 

(Todos levantam dançando e cantando. O Griot joga para a platéia pedaços de fitas metálicas retiradas do Baú)

(DURANTE A APRESENTAÇÃO SEM PANÇA E ZÉ QUIXOTE ENTRAM EM CENA. TERMINADA A APRESENTAÇÃO OS INTEGRANTES DA OFICINA HISTÓRIAS DOS GRIOS SAEM. EM CENA ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA)

 

SEM PANÇA: Nossa, Zé Quixote, você viu como as histórias se espalharam pelo mundo?! Quanta coisa que eu aprendi!

ZÉ QUIXOTE: (SUSPIRANDO) Ai! Ai!

SEM PANÇA: Que foi, homem! Porque esse suspiro todo?

ZÉ QUIXOTE: Estou sentindo falta de encontrar a minha Dulcinéia!

SEM PANÇA: Dulcinéia? Quem é essa aí?

ZÉ QUIXOTE: Dulcinéia é a donzela de Dom Quixote! A sua amada! Aquela que mexe com seu coração e por quem ele comete os maiores desvarios....

SEM PANÇA: Pois desse de ser besta, homem! Se tem uma Dulcinéia na sua vida sou eu que sou sua esposa!

ZÉ QUIXOTE: Mas você já é a Sem Pança, minha fiel escudeira!

 

(NA FALA DE SEM PANÇA E ZÉ QUIXOTE ENTRAM OS INTEGRANTES DA OFICINA DE HISTÓRIAS DE AMOR E SE POSICIONAM).

 

SEM PANÇA: Sou Sem Pança e sou Dulcinéia! Sou tudo numa mulher só! E posso ser ainda muito mais se eu quiser! Aliás... nem quero ser essa Dulcinéia! Eu sou é Maria! Com muito orgulho! Sou tua companheira! Sou o teu amor! Vou contigo pra onde você for! E você vai comigo pra onde eu quiser! Assim é que se ama! Assim que é o amor!

ZÉ QUIXOTE: Pois vamos, minha Maria! Vou contigo pra onde você for e você vai comigo pra onde eu quiser! Vamos viver mais a nossa história de amor! Vamos viver a nossa canção!

 

11) OFICINA HISTÓRIAS DE AMOR (MÚSICA)

MÚSICA E MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

 

(TERMINADA A APRESENTAÇÃO OS INTEGRANTES DA OFICINA HISTÓRIAS DE AMOR SAEM. EM CENA ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA FICAM DANDO ADEUS AOS INTEGRANTES ATÉ ELES SAIREM)

 

SEM PANÇA: (PEGA NA MÃO DE ZÉ QUIXOTE) Agora eu é que vou te levar!

ZÉ QUIXOTE: E vai me levar pra onde?

SEM PANÇA: Não estamos falando de amor?

ZÉ QUIXOTE: Estamos? Mas e daí? Pra onde você vai me levar, Sem Pança?

 

(NA FALA DE SEM PANÇA E ZÉ QUIXOTE ENTRAM OS INTEGRANTES DA OFICINA DE CONTOS DE FADAS E SE POSICIONAM).

 

SEM PANÇA: Vamos conhecer as fadas! Vamos viver um amor mágico que sempre tem um final feliz! Por mais que sofram... por mais problemas que apareçam... O príncipe e a princesa sempre terminam juntos no final! Felizes como Deus com os anjos....

ZÉ QUIXOTE: Felizes como eu e você!

JUNTOS: Felizes para sempre!

 

12) OFICINA - CONTO DE FADAS  (BONECOS)

MÚSICA E MOVIMENTAÇÃO CÊNICA

 

(TERMINADA A APRESENTAÇÃO OS INTEGRANTES DA OFICINA CONTOS DE FADA SAEM DE CENA JUNTO COM ZÉ QUIXOTE E SEM PANÇA)

 

SEM PANÇA: (EM OFF) E agora terminou?

ZÉ QUIXOTE: (EM OFF) Agora... apenas começou! Vamos pegar uma Nau que vai nos levar para outros mundos! Outras culturas! Para conhecer! Para aprender!

SEM PANÇA: (EM OFF) E vamos para onde? Que Nau é essa?

ZÉ QUIXOTE: (EM OFF) É a Nau da Leitura!Vamos viajar, Sem Pança! Vamos continuar nossa viagem!

 

(DURANTE A FALA DO NARRADOR TODOS ENTRAM EM CENA)

 

NARRADOR: (EM OFF) E assim termina a nossa história... ou recomeça! Zé Quixote do Sertão e Sem Pança continuaram sua viagem na Nau da Leitura. Um grande barco que vai nos levar para onde quisermos. Uma viagem... Uma viagem para mundos diversos e onde cabe todo mundo. Uma viagem sem fim! Quando termina um livro, pode começar um outro... e outro e outro... uma história que não tem mais fim...

 

(ENTRAM TODOS EM CENA CARREGANDO PANOS (SIMBOLIZANDO O MAR) E ESTANDARTES FORMANDO A NAU DA LEITURA)

 

MÚSICA: NAU DA LEITURA

 

MUSICA FINAL: FOLIAS CIRANDEIRAS

 

FIM

ROTEIRO ZÉ QUIXOTE DO SERTÃO.jpg
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